Duas das principais incorporadoras de padrão econômico, Tenda e MRV&Co divulgaram suas prévias operacionais na sexta-feira (14). Ambas apresentaram queda em vendas e lançamentos, na comparação com o terceiro trimestre do ano passado, e foco em aumentar o preço de suas unidades.
A MRV&Co, holding que engloba MRV, Sensia, Urba, Luggo e Resia, reportou no trimestre findado em setembro R$ 1,8 bilhão de valor geral de venda (VGV) em lançamentos, queda de 13,6% ante igual período de 2021. Em relação o trimestre anterior, recuo de 14,9%.
Somente a Sensia, de médio padrão, elevou os lançamentos no período, em 111,9%, para R$ 218 milhões, mas é uma operação pequena para a escala da holding.
Na média, os lançamentos da empresa ficaram 25,5% mais caros do que há um ano. “Como estávamos com margem bruta mais apertada, estamos com dinâmica mais pesada de subir preço”, diz Ricardo Paixão, diretor-financeiro da MRV&Co. “Privilegiamos mais preço e margem do que volume”.
No material que acompanha a prévia, a companhia diz que o custo de construção em estabilização é outro componente que deve ajudar a continuar elevando a margem bruta de novas vendas, indicador divulgado no balanço para mostrar a diferença do desempenho de lançamentos e do estoque.
O valor das vendas líquidas da MRV&Co foi de R$ 1,46 bilhão entre julho e setembro, um recuo de 27,3% ante um ano atrás e de 43,8% sobre o segundo trimestre.
A Resia, operação americana da holding, e a Luggo, que constrói e vende prédios para locação, não registraram comercialização no trimestre. Entre abril e junho, elas foram responsáveis por a MRV&Co alcançar recorde de vendas. Paixão afirma que a Resia deverá ter uma venda no quarto trimestre.
A operação da MRV&Co no Casa Verde e Amarela e na faixa logo acima do programa, chamada apenas de MRV, foi a única que cresceu em vendas no trimestre, na comparação anual, em 6,1%. Segundo Paixão, a empresa começa a sentir as alterações no programa habitacional, feitas nos últimos meses.
No ano, o grupo incorporador mineiro totaliza R$ 5,66 bilhões em lançamentos, queda de 8,6% ante os mesmos nove meses de 2021, e R$ 5,8 bilhões em vendas líquidas, alta de 2,1%. Os distratos da companhia caíram de 7,3% das vendas, no terceiro trimestre de 2021, para os atuais 3,6%.
A Tenda reportou queda de 40,6% nos lançamentos no terceiro trimestre, se comparado com o mesmo período do ano passado. Foram R$ 376,2 milhões em VGV, em cinco empreendimentos.
A empresa afirma, no material da prévia, que o menor volume de novos projetos “reflete o foco no ganho de preço”. Entre julho e setembro, o valor médio da unidade lançada foi de R$ 210,2 mil, 41,2% superior ao terceiro trimestre de 2021. “Estamos confiantes de que a readequação dos nossos futuros lançamentos à realidade atual de custos permitirá retomarmos gradativamente o volume”, ressalta.
As vendas líquidas da Tenda recuaram em proporção similar aos lançamentos. No terceiro trimestre, totalizaram R$ 489,3 milhões, queda de 36,5% ante o mesmo período do ano anterior. O preço médio das unidades vendidas cresceu 19,6% em um ano, para R$ 185,5 mil. De acordo com a companhia, a estratégia de precificação ajuda na recomposição das margens.
No acumulado do ano, a incorporadora lançou R$ 1,61 bilhão, recuo de 27,7% em relação ao mesmo período de 2021. As vendas líquidas, nas mesmas bases de comparação, somaram R$ 1,62 bilhão, 30,3% a menos.
A relação dos distratos sobre as vendas brutas ficou em 14,9% ao final de setembro, recuo de 1,4 ponto percentual se comparado com o mesmo trimestre de 2021.
Matéria publicada em 17/10/2022