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14/08/2020

MRV elevará fatia de vendas de imóveis acima do Minha Casa, Minha Vida

Companhia é conhecida por sua atuação no programa habitacional Minha Casa, Minha Vida

A MRV Engenharia — conhecida por sua atuação no programa habitacional Minha Casa, Minha Vida — estima que, em algum trimestre de 2021, seus lançamentos anualizados de imóveis financiados com recursos de poupança fiquem perto de R$ 2 bilhões. A companhia projeta que, no próximo ano, o segmento responderá por 25% do valor geral de vendas (VGV) lançado e vendido, ante a fatia atual de 13%.

“Os lançamentos do segmento logo acima do Minha Casa, Minha Vida já somam quase R$ 1 bilhão anualizado”, afirma o copresidente da MRV, Rafael Menin. Nas estimativas do executivo, apenas Cyrela, Even Construtora e Incorporadora e EZTec vendem mais produtos financiados com recursos da poupança do que a companhia. “Talvez a MRV passe a ser a segunda, no segmento, em 2021, atrás apenas da Cyrela”, avalia o copresidente.

No consolidado de todos os segmentos, a MRV é a maior incorporadora do país, com destaque para o programa habitacional, do qual é a principal participante.

De janeiro a junho, a MRV lançou R$ 2,025 bilhões, com queda de 30,2% na comparação anual. “A companhia vai lançar, consistentemente, mais no segundo semestre”, diz o copresidente. Menin espera que não haja grande disrupção do novo programa habitacional, a ser anunciado pelo governo, em relação ao Minha Casa, Minha Vida. No segmento de imóveis acima dos enquadrados no programa, as expectativas positivas resultam da queda dos juros.

O executivo reconhece que a concorrência poderá crescer, nos mercados de São Paulo e do Rio de Janeiro, devido à nova onda de abertura de capital de incorporadoras, mas ressalta que a MRV está presente em 168 cidades. “Teremos mais 166 cidades sem aumento da concorrência”, diz. No fim de junho, o banco de terrenos da incorporadora correspondia ao VGV potencial de R$ 52,6 bilhões.

No segundo trimestre, o lucro líquido da MRV teve queda de 34,6%, para R$ 124 milhões. A receita líquida aumentou 5,2%, para R$ 1,64 bilhão. A margem bruta caiu de 30,7%, de abril a junho de 2019, para 28,4%. De acordo com Menin, a companhia deu prioridade ao giro mais rápido dos ativos e à geração de caixa em relação às margens. “A recuperação de margem ocorrerá mais para 2021”, diz Menin. No trimestre, a empresa gerou caixa de R$ 214 milhões.

Na RNI Negócios Imobiliários, assim como na MRV, os lançamentos programados para o segundo semestre vão superar os da primeira metade do ano. Até junho, a RNI apresentou R$ 182,4 milhões ao mercado, considerando-se somente a parte própria. A companhia prevê lançar projetos no interior de São Paulo, em Goiás, Mato Grosso, Santa Catarina e no Rio Grande do Sul. “São mercados com a resiliência do agronegócio”, afirma o presidente da RNI, Carlos Bianconi.

Com foco no programa Minha Casa, Minha Vida e em empreendimentos horizontais do segmento econômico financiados com recursos da poupança, a RNI teve vendas líquidas totais de R$ 243 milhões e próprias de R$ 210 milhões, de janeiro a junho, superando o total de 2019. No canal digital de vendas, de acordo com Bianconi, o cliente é “mais pragmático”, e as vendas, “mais direcionadas”.

O executivo da RNI diz estar “muito confiante na reformulação do Minha Casa, Minha Vida”. Ele espera que haja redução nas taxas de juros do programa, levando-se em conta a Selic a 2%, o que contribuirá para as vendas dos imóveis incluídos.

A RNI reverteu o lucro líquido de R$ 2,34 milhões registrado no segundo trimestre de 2019 e teve prejuízo líquido de R$ 6 milhões de abril a junho. Para isso, pesou o prejuízo financeiro de R$ 11 milhões, ante o valor positivo de R$ 5,2 milhões de um ano antes.

A receita líquida cresceu 71%, para R$ 113 milhões. A margem bruta caiu de 22,4%, de abril a junho do ano passado, para 21,4%.

Nos segmentos em que a incorporadora deixou de lançar novos produtos - projetos verticais financiados pela poupança e loteamentos -, as margens de vendas são menores do que nos de atuação principal.

A RNI fez distratos com clientes do segmento de urbanismo e tem concedido descontos para acelerar a comercialização de apartamentos não incluídos no Minha Casa, Minha Vida.

À medida que os projetos do legado deixarem de ter participação relevante na composição das margens e que tiverem início as obras dos lançamentos que estão sendo realizados, o resultado líquido da companhia deverá refletir mais seu desempenho operacional. “Isso abre espaço para a volta da rentabilidade dos anos de 2012, 2013 e 2014”, afirma o gerente de relações com investidores da RNI, Felipe Rodrigues.

FONTE: VALOR ECONôMICO