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08/05/2023

Mudança em correção do FGTS pode ser ‘indolor’ para a Tenda, diz presidente da companhia (Valor Econômico)

Para atingir seu guidance de vender entre R$ 2,7 bilhões e R$ 3 bilhões em 2023, a companhia precisa de uma média de R$ 710 milhões a R$ 720 milhões em vendas por trimestre

O julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre mudança na correção da remuneração do FGTS, atualmente suspenso após pedido de vista pelo ministro Nunes Marques, pode ter efeito pequeno sobre a Tenda, segundo o presidente da incorporadora, Rodrigo Osmo.

 

Em teleconferência com analistas nesta quinta-feira (4) para comentar os resultados do primeiro trimestre, o executivo afirmou que a proposta inicial de atrelar a correção ao IPCA seria “uma tragédia”, e que fazer isso de forma retroativa seria “outra tragédia”. No entanto, o voto do ministro Luís Roberto Barroso para que o fundo tenha ao menos o rendimento da poupança acalmou a visão da companhia para a questão.

 

Pesa ainda, segundo Osmo, o fato de o governo ter uma “enorme vontade política” com o Minha Casa, Minha Vida (MCMV), que recebe recursos do FGTS, e estar preocupado principalmente com as faixas iniciais do programa, onde a Tenda atua. Caso sejam aprovadas mudanças na remuneração, a companhia acredita que as faixas superiores do MCMV e investimentos feitos pelo FGTS em saneamento e transporte seriam mais afetados.

“Estou relativamente otimista que, para o estrato de renda no qual a Tenda atua, a conclusão vai ser praticamente indolor”, afirmou.

 

A empresa aguarda a retomada da votação. Esse imbróglio pode afetar a divulgação dos novos parâmetros do MCMV, que a incorporadora aguardava para maio.

No entanto, Osmo analisa que não deve haver um “apagão” do programa enquanto tudo isso não é definido.

 

O executivo afirmou ainda que é “frustrante” e “angustiante” para o mercado a falta de nomeações do governo para o Conselho Curador do FGTS, mas que isso se deve a um impasse interno da gestão petista e que não gera preocupação sobre a divulgação dos novos parâmetros do programa.

 

A Tenda espera que essas mudanças ajudem a dar tração para as vendas da empresa. Para atingir seu guidance de vender entre R$ 2,7 bilhões e R$ 3 bilhões em 2023, a companhia precisa de uma média de R$ 710 milhões a R$ 720 milhões em vendas por trimestre, e fez R$ 611 milhões no primeiro período. “A expectativa é de mais lançamentos ao longo do ano, com mudanças de parâmetros que facilitem o acesso de clientes à moradia”, disse Osmo.

 

Outro programa público que pode ajudar a busca pela volta de geração de lucro da incorporadora é o Pode Entrar, do governo paulistano. A Tenda conseguiu ampliar de 870 para 2.855 as unidades selecionadas para serem adquiridas pela prefeitura de São Paulo, e tem outras 1.500 em uma lista de espera, de dois projetos. “A probabilidade é bastante grande de que os dois entrem”, afirmou Osmo.

 

Para o executivo, a comercialização para o programa, que atualmente já atingiria um valor geral de venda (VGV) de R$ 577 milhões, pode “virar” a dívida líquida da Tenda, tornando-a negativa. “Mudaria substancialmente a nossa alavancagem”.

 

Sobre o segundo trimestre, Osmo afirmou que as vendas em abril foram positivas, ficando em patamar similar à média do primeiro trimestre de 2023, mesmo com feriado e poucos lançamentos.

 

A Tenda terminou o primeiro trimestre de 2023 com prejuízo líquido de R$ 41,9 milhões, desempenho 37,8% inferior ao prejuízo registrado no início do ano anterior.

FONTE: VALOR ECONôMICO