O presidente Michel Temer melhorou as condições do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV), mas isso não é o suficiente para o crescimento necessário da construção civil no Brasil. A reclamação é do ex-presidente do Sindicato das Construtoras do Ceará (Sinduscon-CE), empresário cearense Roberto Sérgio Ferreira – que preside a Comissão de Políticas e Relações Trabalhistas, junto à Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic).
Na semana passada, o presidente Michel Temer aumentou os limites de financiamento, ampliando o número de possíveis beneficiários do programa, especialmente as pessoas que têm uma renda maior. Contudo, para Roberto Sérgio, essas medidas não são suficientes, porque são medidas que melhoram as negociações, mas o poder aquisitivo das famílias está achatado pela inflação.
Entraves - Por outro lado, disse que interessante, mesmo, são medidas para a geração de emprego, para gerar renda e o dinheiro circular no País. Conforme o empresário, as pessoas querem a casa própria, “mas o problema está no poder fazer isso agora, o que não é possível, porque, sem emprego, não há renda e a aquisição da casa própria fica só na vontade delas”.
Ele lembra, ainda, que, além da falta de empregos, há o problema da inadimplência no setor imobiliário. “Ou seja, muita gente que comprou a casa própria não está pagando as prestações do financiamento”, lamenta Roberto Sérgio. “Essas pessoas, na maioria, estão devendo à Caixa Econômica e o único jeito é negociar para ver se tem condição de continuar com a casa própria, correndo o risco de até perdê-la”, alerta o engenheiro.
Com relação aos juros dos financiamentos da Caixa Econômica, Ferreira observou que eles estão razoáveis, porque são aceitos, “mas o problema está no desemprego que, sem salário, deixa o usuário sem condição de fazer o pagamento das prestações”. E conclui: “o Governo Federal só vai resolver isso com o crescimento da economia brasileira”.
Estudo - O Sinduscon-CE está elaborando um estudo cujas conclusões indicam que as novas medidas do MCMV terão impacto nulo na indústria da construção no Ceará. Uma fonte ligada à Federação das Indústrias do Estado (Fiec) adiantou que o Sinduscon-CE estava debruçado sobre as novas regras anunciadas, na semana passada, pelo Governo Federal, e analisando as mesmas. Contudo, “de cara, eles (Sinduscon-CE) estavam achando que as novas regras poderiam ser melhores para o Sul e o Sudeste”, disse a fonte.