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23/08/2024

Mudanças em emissão de LCIs foram 'cirúrgicas', mas talvez tenham 'perninha errada', diz diretor do BC (Valor Econômico)

Segundo Otávio Damaso, autoridade monetária estuda corrigir assimetria de prazos de LCIs e LCAs

O diretor de regulação do Banco Central (BC), Otávio Damaso, disse hoje que as mudanças recentes nas regras de emissão das Letras de Crédito Imobiliário (LCI) foram feitas “de forma cirúrgica”, mas que talvez “tenhamos uma perninha errada”, que é a assimetria de prazo de resgate das LCI em comparação com as Letras de Crédito do Agronegócio (LCA).

“A questão de assimetria do prazo da LCA está no radar e estamos estudando [mudanças]”, afirmou Damaso.

A queda das emissões das LCIs vista nos últimos meses, segundo ele, não é tanto pela ampliação do prazo de resgate, “mas sim pelo descasamento com outros instrumentos” que, na ótica dos investidores são parecidos. “O investidor de varejo vê os dois instrumentos e ainda não consegue ver a diferença entre eles”.

Com uma mudança imposta pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) em fevereiro, o prazo mínimo para resgate desses títulos passou a ser de noves meses nas LCA e 12 meses nas LCI. Para Damaso, houve um descasamento com o prazo da LCA que “na visão do investidor de varejo” é bem parecido com a LCI.

As falas foram feitas durante evento promovido pela Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) em São Paulo.

Durante o painel, Damaso destacou a importância crescente do mercado de capitais e dos instrumentos bancários no financiamento imobiliário e disse que a poupança não deve ter o mesmo dinamismo visto no passado.

“É consenso que a poupança vai reduzir a participação como funding do financiamento imobiliário. Já estamos percebendo isso”, afirmou. Esse produto, no entanto, não deve desaparecer, considerando o “apelo cultural”.

Ele afirmou ainda que não acredita em mudanças estruturais na poupança “para ela voltar a ser pujante”. “Em alguns momentos se pensou em mudar, mas há vários dilemas no caminho que não conseguimos equacionar”, explicou.

Damaso disse que o “sonho de consumo” é ter um financiamento em proporção do PIB igual ao dos Estados Unidos, “mas a nossa realidade é ter pelo menos igual a de outros emergentes com economias parecidas, que é algo em torno de 20, 30% do PIB, mas a gente está estacionado em torno de 10% do PIB já há alguns anos”, afirma.

FONTE: VALOR ECONôMICO