Um dos setores econômicos mais prejudicados pela crise nos últimos anos, o mercado imobiliário começa a despontar como a locomotiva da geração de empregos no país. A construção civil, de acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, foi a atividade que mais contribuiu com a geração de janeiro a agosto deste ano.
No período, houve a criação de 593 mil empregos e o setor foi responsável por 96,5 mil deles— pouco menos de 20% do total. Como referência, no mesmo período de 2018 houve a criação de 568 mil empregos e a construção civil contribuiu com 65,5 mil (12% das vagas totais). “O crescimento da construção civil passa pelo setor informal e pelas construtoras”, afirmou Eduardo Zaidan, vice-presidente de economia do Sinduscon-SP.
Um exemplo desse movimento é a MRV Engenharia, maior construtora de imóveis da América Latina. A empresa abriu, em agosto, 420 vagas de emprego em diversos cargos em todo o país para profissionais de vários níveis e áreas de formação.
“O mercado voltará a crescer porque é fundamental para economia como um todo”, disse o cofundador e presidente do Conselho de Administração da MRV, Rubens Menin, durante evento de celebração de 40 anos da companhia na última semana, em Belo Horizonte. “Os três maiores desafios do Brasil e do mundo são saúde, educação e moradia. Não existe desenvolvimento social sem a casa própria, que traz segurança e dignidade para as famílias”.
Os indicadores mostram que a atividade está subindo. Segundo levantamento do IBGE, o setor cresceu 2% no segundo trimestre de 2019 em relação ao mesmo período do ano passado, depois de cinco anos registrando quedas, ou 20 quedas consecutivas na comparação do mesmo intervalo.
Ainda de acordo com o instituto, o resultado ajudou a impulsionar o PIB brasileiro, que subiu 1% no trimestre quando comparado com 2018. Outro levantamento da consultoria Michael Page, feito a pedido da revista Exame, constatou que a procura por certos profissionais da área aumentou 300% nos nove primeiros meses deste ano ante o mesmo período anterior.
“O aquecimento está ligado à expectativa de mercado, principalmente com a baixa de juros e o cenário econômico mais favorável. O investimento na construção civil também teve uma retomada forte nos Estados Unidos, o que faz com que os investidores olhem para outros mercados, e no momento o mercado brasileiro tem atratividade maior”, disse Renato Trindade, gerente executivo da Divisão de Operações de Propriedade e Construção da Michael Page.
De acordo com a consultoria, as melhores oportunidades estão concentradas na região Sudeste, onde ficam as bases das maiores incorporadoras, especialmente São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Já no restante do Brasil, Trindade acredita que a retomada ocorrerá em ritmo mais lento. “Não temos um boom de empregos, mas um aumento de oportunidades para profissionais mais qualificados. As empresas têm olhado mais para a eficiência, buscando o profissional multifuncional, que mais possa agregar ao cargo”, disse.