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10/12/2021

Nordeste puxou intenções de compra no mercado imobiliário brasileiro em 2020, revela pesquisa

De acordo com pesquisa da Brain com a Abrainc, a intenção de compras no mercado nordestino alcançou a liderança nacional durante o período da pandemia. Impactado pelo cenário de inflação e juros em alta, demanda está mais receosa, mas apetite permanece para 2022

Em meio aos impactos da pandemia, o setor imobiliário do Nordeste tomou a liderança nacional no quesito intenção de compra entre a metade e o fim do ano passado. Isso é o que mostra uma pesquisa realizada pela Brain Inteligência em parceria com a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc).

Os números apontam que a Região sofreu menos com o baque causado pela pandemia e no momento de retomada das intenções, em agosto de 2020, puxou a média brasileira para cima (40%), com intenção de compra na casa dos 46%. O pico permaneceu em novembro, quando chegou a 54%, mesmo momento em que a média nacional ficou em 46%.

Os dados foram apresentados em webinar com tema "Perspectivas da Incorporação Imobiliária no Nordeste", que contou com representantes de grandes incorporadoras da Região, como Diagonal, Moura Dubeux, Jotanunes Construtora e Direcional.

O presidente da Abrainc, Luiz França, ressalta que o período de instabilidade do cenário econômico neste período de crise certamente modifica a forma como o consumidor decide, o seu interesse de compra e o que faz ele postergar a compra. Mas o mercado nordestino tem alcançado um diferencial importante no mercado imobiliário brasileiro.

"O baixíssimo estoque na Região é impressionante. Isso mostra o grande potencial de crescimento, assim que tivermos alinhado os juros e inflação, esse crescimento certamente virá."

Equilíbrio após o "boom"

Os dados da Brain/Abrainc mostram ainda que a intenção geral de compra de imóveis se estabilizou após um grande "boom" de meados de 2020, ainda durante a primeira onda da pandemia. A partir de fevereiro deste ano, o índice passou a regredir, de 44%, e em novembro fechou em 37%, patamar ainda considerado satisfatório para a Abrainc.

Relatório divulgado pela própria associação no fim do primeiro semestre já mostrava que o impacto da segunda onda da Covid-19 teve menor impacto nos canteiros de obras. Desde então se mantém equilibradas em patamar próximo ao que era observado antes da pandemia, que tinha média de 43%.

Perspectivas para 2022

Com os patamares inflacionários pesando no que se refere aos insumos da indústria da construção, o repasse de preços deve ser inevitável. Segundo o diretor Comercial e de Incorporação da Direcional Engenharia, Adriano Nobre, esse processo de aumento de tabela já está em curso.

Ele destaca que o encarecimento de insumos, como o aço, gerou uma maior dificuldade com relação aos custos e a construtora já vem reajustando suas tabelas de produtos. Ele comparou com a inflação sobre o custo dos carros. Diz que não acredita que o mercado imobiliário passe por tamanha inflação, "mas precisamos reajustar", diz.

"Adaptando os produtos ao novo cenário de preços que está em novo patamar". Para 2022, a Direcional deve mantém a estratégia de lançamentos, principalmente pelo Casa Verde Amarela, além de observar oportunidades de lançamentos no SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo - é uma possibilidade que usa os rendimentos da caderneta de poupança para emprestar recursos financeiros para quem quer comprar imóveis) e alto padrão.

Casa Verde Amarela

Foco principal da Jotanunes Construtora, o programa federal Casa Verde Amarela desaqueceu bastante na área de atuação da construtora, destaca o diretor comercial da Jotanunes, Éverton Teixeira.

De acordo com ele, o mercado não tem respondido de forma tão rápida ao processo de retomada, em comparação ao médio e alto padrão. "Esse público popular ainda é muito impactado por essa insegurança do consumidor com a economia."

"2022 é uma incógnita, não sabemos como será o comportamento da compra, mas percebemos que as pessoas querem muito comprar imóveis", destaca ele ainda explicando que muitos dos projetos de 2021 foram adiados para o próximo ano e se espera dobrar a escala produtiva em um ano. "Só espero que o Brasil colabore um pouco", destaca ele sobre as perspectivas macroeconômicas.

Lançamentos após estudo

João Fiuza, diretor Comercial e de Incorporações da Diagonal, o ramo de atuação da empresa, no alto padrão, requer a busca constante por entender esse nicho de mercado. Aliado às operações da Virta, braço da Diagonal, os lançamentos SBPE serão metade do total em 2022.

O diferencial, destaca João, é o cuidado em cada produto e lançamento. O VGV total em 2022 deve alcançar os R$ 800 milhões no Ceará, destaca.

"Metade dos lançamentos para SBPE serão em 2022, com terrenos bem escolhidos, com maior inovação, coisa que trouxemos da Diagonal para Virta. Definitivamente, no alto padrão, cada negócio é um negócio. Entendemos que casas tem espaço, segunda moradia tem espaço numa localização específica. Precisamos ver o timing e aproveitar janelas de oportunidades", afirma.

INTENÇÃO DE COMPRA DE IMÓVEIS AO LONGO DA CRISE


Antes da pandemia - 43%
Mar/2020   24% (-45%)
Abril/2020   20% (-20%)
Jun/2020   25% (+25%)
Ago/2020  40% (+60%)
Nov/2020  46% (+15%)
Fev/2021  44% (-5%)
Maio/2021  42% (-5%)
Set/2021  39% (-7%)
Nov/2021  37% (-5%)

Tempo de intenção para compra
Até 6 meses:  13%
Até 12 meses:  23%
Até 24 meses:  32%
Acima de 24 meses ou sem tempo previsto:  32%

Comportamento do Nordeste na intenção de compra
Antes da pandemia   41% (3º entre as regiões)
Março/2020    23% (3º)
Abril/2020    21% (2º)
Ago/2020    46% (1º)
Nov/2020    54% (1º)
Fev/2021    46% (2º)
Maio/2021    49% (1º)
Set/2021   41% (1º)
Nov/2021   34% (3º)

FONTE: O POVO