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16/02/2016

Nova lei deve mudar mercado imobiliário

Durante o evento, o diretor da Associação Brasileira de Incorporadoras (Abrainc), Antonio Setin, questionou alguns pontos estabelecidos no projeto. Ele defendeu, por exemplo, que a nova lei deverá "elitizar" a cidade, uma vez que os terrenos situados nos eixos de transporte - cujo limite de construção é de 80 metros quadrados (m²) - terão preços mais caros.

Beatriz Peixoto

A nova Lei de Zoneamento de São Paulo, que deve ser votada amanhã na Câmara Municipal, trará impactos ao mercado imobiliário da cidade. Enquanto alguns especialistas alegam que as novas regras irão inviabilizar construções para a classe média-baixa pelo alto custo, outros defendem que preços irão se acomodar.

O assunto foi discutido ontem em debate organizado pela Fundação Getulio Vargas, em parceria com o Arq.Futuro, plataforma de discussão sobre futuro das cidades.

Durante o evento, o diretor da Associação Brasileira de Incorporadoras (Abrainc), Antonio Setin, questionou alguns pontos estabelecidos no projeto. Ele defendeu, por exemplo, que a nova lei deverá "elitizar" a cidade, uma vez que os terrenos situados nos eixos de transporte - cujo limite de construção é de 80 metros quadrados (m²) - terão preços mais caros.

Segundo Setin, as famílias de classe média tenderão a se estabelecer em áreas mais afastadas dos eixos de mobilidade. "A maioria dos eixos será de habitações de até 80 m² para ricos. Há poucos ricos na cidade e uma classe média imensa", defendeu.

Já o vereador Paulo Frange, relator do projeto, defendeu que a nova lei incentiva, em áreas mais afastadas, o uso preferencial de residências para classes altas que não dependem do transporte público.

"As áreas de eixo terão construções sem limite de gabarito, ou seja, com muito mais unidades. O preço ficará mais baixo do que nas zonas mistas, que receberão apartamentos de melhor qualidade com compradores com maior poder aquisitivo. As zonas de eixo devem acomodar famílias menores", ponderou.

"A nova lei deverá aproximar dos eixos de mobilidade aqueles que precisam do transporte público. O mercado imobiliário irá se acomodar com esse processo", ressaltou.

Demandas - Segundo Frange, a nova lei irá qualificar o espaço comercial, valorizando avenidas que já contam com transporte público e que fazem interligação com os eixos de transporte. "Estamos buscando aumentar o gabarito das zonas de centralidade, para recepcionar prédios de até 16 andares e qualificar esse espaço."

Na ocasião, Setin defendeu a liberdade aos incorporadores. "Isso não quer dizer que vamos fugir das regras, mas produzir o que as famílias estão necessitando, para que o mercado possa pagar o que ele pode. À medida que temos liberdade, estamos nos adaptando ao bolso dos consumidores".

"As incorporadoras já investem em municípios vizinhos. A nova lei poderia melhorar nesse aspecto, para minimizar impactos e deixar de afastar as pessoas da cidade", pontuou.

FONTE: DCI - SãO PAULO/SP