O diretor de crédito imobiliário do Bradesco, Romero Gomes de Albuquerque, disse nesta quinta-feira que um dos impactos das mudanças nas regras das Letras de Crédito Imobiliário (LCI) foi o encarecimento do funding imobiliário.
Para ele, as regras impostas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) visavam corrigir alguns “exageros”, como a emissão de certificados de recebíveis imobiliários (CRI) por empresas fora do setor, mas acabaram afetando as LCIs, ampliando o prazo de vencimento dos títulos de três meses para 12 meses.
“O banco precisa pagar um pouco mais de prêmio porque está alongando o papel”, explicou, lembrando que bancos financiam o setor imobiliário com a poupança, mas que também dependem de outros instrumentos, como as LCIs, para compor “um funding misto”.
“A alteração de regras tinha um propósito até justo, mas foi ruim no aspecto de encarecer o funding. Se a gente simplesmente voltar a ter uma liquidez mais adequada, talvez 90 dias como era antes, ou menos que 12 meses, vamos ter o adicional das LCIs, o que deve se traduzir em taxa de juros mais adequada”, afirmou o diretor do Bradesco durante o evento Abecip Summit, promovido pela Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip).
Do lado de investidores, disse Albuquerque, “muita gente fugiu do instrumento para ações e fundos” depois da mudança de prazo.
No mesmo painel, Sandro Gamba, presidente da Abecip, reforçou as críticas às alterações das regras. Para ele, as LCIs, assim como as Letras Imobiliárias Garantidas (LIG), foram importantes para a transição das fontes de financiamento imobiliários, com aumento de instrumentos bancários e do mercado de capitais. “A LCI foi fundamental, mas houve o impacto das mudanças de regras. Em termos de CRI, o ajuste foi positivo, mas vimos que em termos de LIG e LCI o impacto foi inverso.”