O segundo trimestre de 2018 tem se mostrado diferente dos três primeiros meses do ano para a construção civil em Minas Gerais. Pesquisas divulgadas ontem pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG) apontaram queda da confiança dos empresários, aumento do custo de construção e redução do índice de emprego no setor.
Pelo terceiro mês consecutivo, o Índice de Confiança do Empresário da Indústria da Construção de Minas Gerais (Iceicon-MG) recuou e, em maio, registrou 46 pontos frente aos 49,4 pontos de abril. Abaixo dos 50 pontos, o indicador aponta falta de confiança dos empresários. O resultado de maio deste ano foi 3,2 pontos menor do que o apurado no mesmo mês de 2017, interrompendo uma sequência de 24 meses de melhora na comparação anual. No acumulado dos primeiros cinco meses do ano, o Iceicon-MG apresentou queda de 5,3 pontos.
Os dois componentes do Iceicon-MG, que mostram condições atuais e expectativas para os próximos seis meses, explicaram o recuo do indicador geral. O índice de condições atuais recuou 2,3 pontos, passando de 44,2 pontos, em abril, para 41,9 pontos, em maio e foi 1,5 ponto inferior ao registrado em maio de 2017. Já o componente de expectativas caiu 3,7 pontos frente a abril, e registrou 48,2 pontos em maio. O indicador mostrou pessimismo após oito meses de resultados acima de 50 pontos e foi 3,9 pontos inferior ao apurado em maio de 2017.
Na avaliação do economista e coordenador sindical do Sinduscon-MG, Daniel Furletti, os resultados estão diretamente relacionados às perspectivas macroeconômicas. Furletti ressaltou a previsão do Boletim Focus de crescimento da economia para 2018 que, no início do ano indicava um PIB de 2,5% e que, nessa semana, caiu para 1,76%. Além disso, há expectativas de aumento da inflação, o que também influenciou o pessimismo dos empresários.
“O empresário está mais pessimista porque as condições macroeconômicas recuaram e a sondagem refletiu uma mudança de cenário e de opinião dos empresários em relação ao trimestre anterior. Em 2017, o mercado e os próprios empresários acreditavam no início de uma melhora para este ano. Agora, o mercado espera o novo governo para prever o que vai mudar”, explicou.
Sondagem – Os resultados dos indicadores da Sondagem da Indústria da Construção de Minas Gerais, abaixo dos 50 pontos, refletem queda da atividade e do número de empregados em abril. O índice de atividade da construção ficou estável em relação ao apurado em março, registrando 43,0 pontos, inferior ao de abril de 2017 (47,7 pontos) e ficou abaixo da média histórica (44,5 pontos). Já o indicador de número de empregados apontou retração com 43,3 pontos, resultado 5,4 pontos inferior ao registrado em abril de 2017, quando era de 48,7 pontos.
O índice de intenção de investimento voltou a ficar abaixo da média história dos 30,3 pontos e recuou 2,5 pontos entre abril (30,7 pontos) e maio (28,2 pontos), sinalizando menor disposição de investir dos empresários da construção. Sobre as expectativas, o dado referente a maio apontava expectativa de elevação do nível de atividade (51,5 pontos) pelo quinto mês consecutivo. O indicador cresceu 4,1 pontos frente a maio de 2017 e foi o maior para o mês em seis anos.
Segundo Daniel Furletti, os números são preocupantes principalmente para um setor considerado estratégico do ponto de vista social e econômico. Ele destacou que, no 1º trimestre de 2018, a construção civil apresentou queda de -0,6% apesar da recuperação da economia e, de 2014 pra cá, o setor caiu mais de 20%. “É uma queda grande para um setor que é importantíssimo para a sociedade, uma vez que produz habitação, escolas, obras viárias e também no ponto de vista econômico já que envolve toda uma cadeia produtiva que gera empregos, renda e tributos na economia toda”, afirmou.
Custo da construção - Após aumento em abril devido à elevação do custo com a mão de obra, em maio deste ano o Custo Unitário Básico de Construção (CUB/m²) também registrou alta de 0,17%, puxado pelo custo com material de construção, que aumentou 0,44%, enquanto mão de obra, despesas administrativas e aluguel de equipamentos permaneceram estáveis no mês de maio. Nos primeiros cinco meses do ano o CUB/m² registrou alta de 2,27% e no acumulado dos últimos 12 meses o índice teve alta de 3,02%.
Na composição do CUB/m², a mão de obra representou, em maio, 56,19% do custo, os materiais de construção responderam por 39,53% e as despesas administrativas/aluguel de equipamentos foram responsáveis por 4,28%. Entre os materiais que tiveram os maiores aumentos de preço estão emulsão asfáltica impermeabilizante (+6,80%), fio de cobre antichama (+2,75%), porta interna semioca para pintura (2,36%) e esquadria de correr (+1,17%).