O número de novos edifícios autorizados pela Prefeitura de São Paulo em 12 meses até setembro é o maior desde 2000, quando teve início a série histórica do indicador compilado pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) com a Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias).
Foram 973 empreendimentos verticais com alvarás de construção liberados no período, 10,4% mais do que nos 12 meses anteriores. No terceiro trimestre, foram 306 alvarás liberados, um aumento de 9,7% ante o mesmo período do ano passado. Na comparação entre os meses de setembro, o de 2020 teve 130 autorizações, 40% mais do que em 2019.
Luis Antonio França, da Abrainc, diz que o resultado indica a confiança das incorporadoras em colocar novos lançamentos no mercado. Segundo ele, no período pré-pandemia havia um clima de otimismo. Agora, com o afrouxamento das medidas de distanciamento social, as vendas subiram e os lançamentos foram retomados, animando o setor de incorporação.
Os juros baixos —a taxa básica da economia está em 2% ano ano— permitiram que mais gente tivesse acesso a crédito. A pandemia também levou milhares de trabalhadores para o home office (em sua maioria, mais qualificados e de renda maior), despertando o desejo por moradias mais confortáveis.
“Um grande número de pessoas ficou em casa e observou novas necessidades para a residência. Isso também gerou um movimento muito grande de as pessoas buscarem imóveis mais adequados”, diz França.
A aprovação do alvará não quer dizer que esses lançamentos chegarão imediatamente ao mercado. A Abrainc não monitora essa movimentação, mas França afirma que, uma vez autorizada a edificação, a tendência é que as incorporadoras já estejam prontas para colocar o negócio da rua.
Quase metade dos alvarás liberados em um ano está na zona leste de São Paulo. Com 451 autorizações, essa região da capital receberá 46,4% das novas construções.
Segundo a Abrainc, a produção de habitação de interesse social é um dos fatores que explica o avanço de 15%, em 12 meses, no volume de autorizações nessa região.
O mesmo ocorre com a zona norte da capital, que receberá 23% dos novos edifícios e conjuntos habitacionais. Em um ano até setembro, 224 empreendimentos foram autorizados, um aumento de 30,2% ante o período anterior.
O mercado imobiliário vive bom momento no país, puxado principalmente pelo segmento econômico, que se enquadra nas faixas 2 e 3 do Minha Casa Minha Vida (programa habitacional substituído pelo Casa Verde e Amarela).
Desde julho, a melhora nas negociações de imóveis de alto e médio padrão e a manutenção das vendas dos mais baratos garantiram às incorporadoras o melhor mês desde maio de 2014.
Foram 13.023 imóveis vendidos em julho, resultado que superou em 58% o total comercializado no mesmo mês do ano passado. As vendas líquidas ficaram em 10.103 unidades, uma alta de 56,2%.
A pesquisa mensal feita pelo Secovi-SP (sindicato da habitação) também indica retomada nas negociações. Em julho, a entidade já havia registrado uma elevação de 21% em relação ao mesmo período do ano passado, e de 45% ante maio deste ano.
Em agosto, o balanço foi ainda melhor –6.350 unidades residenciais novas foram vendidas na cidade, 35% mais do que em 2019, batendo a marca de quatro meses seguidos de resultados positivos. Para o Secovi-SP, os números demonstram uma consolidação da retomada do mercado. Os lançamentos subiram 26,4% ante agosto do ano passado