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26/04/2016

O patamar mais baixo do mercado imobiliário

O segmento da construção responde por parcela importante da taxa de investimento, que está em franco declínio.

Em fevereiro, os lançamentos de imóveis residenciais em São Paulo chegaram ao ponto mais baixo desde 2004, quando foi iniciada pesquisa do sindicato da habitação (Secovi-SP). Apenas 171 imóveis residenciais novos foram oferecidos em fevereiro, redução de 80,4% em relação a igual mês do ano passado. Se o número de lançamentos se repetisse por 12 meses, apenas 2 mil imóveis seriam oferecidos, menos de 10% das 20,1 mil unidades de fato lançadas em 2015.

Os números excepcionalmente fracos foram registrados no auge da crise política que antecedeu a votação na Câmara dos Deputados da admissibilidade do impeachment da presidente da República. “É praticamente nada, esse resultado mostra que o mercado está parado aguardando uma modificação do cenário econômico”, disse o presidente do Secovi, Flávio Amary. “Não acredito que a gente tenha daqui para a frente um mês tão ruim como esse.”

O segmento da construção responde por parcela importante da taxa de investimento, que está em franco declínio. Trata-se de um segmento relevante para a economia, afetando o emprego, a demanda de insumos básicos como cimento, tijolo, madeira e cal e itens acabados como louças, azulejos, metais, tintas e vernizes e ainda serviços de arquitetura, jurídicos e de engenharia ou de intermediação.

Nos últimos 12 meses, até fevereiro, apenas 20.415 unidades foram vendidas na capital, das quais 836 no mês retrasado. O setor de habitação espera uma retomada da confiança, mesmo que isso não baste para uma reativação expressiva do mercado no curto prazo.

Os custos de produzir continuam em alta, mas os preços pedidos de venda são estáveis ou cadentes, segundo o Índice Fipe-Zap. Há, em especial, escassez de crédito e de compradores potenciais que adiam a aquisição do imóvel. Por isso, mesmo com a redução do número de lançamentos, os estoques ainda são elevados: da ordem de 26 mil unidades, na capital, e mais 14 mil unidades, nas demais cidades da Região Metropolitana de São Paulo.

A situação não é diversa no País, segundo pesquisa com empresas que atuam em âmbito nacional ouvidas pela Fipe e a Associação Brasileira das Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), indicando um alto estoque de 111,6 mil unidades.

Mas, apesar da crise, ante o longo prazo que há entre o lançamento e a entrega do imóvel, o risco de desequilíbrio entre oferta e demanda futuras não deve ser afastado.

FONTE: O ESTADO DE S.PAULO