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15/01/2016

O pior resultado da poupança em 20 anos

Para atenuar a situação, em maio o Banco Central liberou os bancos para utilizar R$ 22,5 bilhões dos depósitos compulsórios relativos à poupança para o setor habitacional, o que não surtiu os efeitos desejados porque caiu a demanda de empréstimos para a compra da casa própria.

Os depósitos em poupança superaram os saques em R$ 4,8 bilhões em dezembro, graças sobretudo ao pagamento do 13.º salário. Foi um respiro, mas insuficiente para evitar que as contas de poupança fechassem o ano passado com um tombo de R$ 53,6 bilhões, o pior resultado em 20 anos (depósitos de R$ 1,906 trilhão e saques de R$ 1,959 trilhão).

Para um grande número de pessoas, a aplicação em poupança tem sido apenas episódica. O que o resultado de dezembro mostrou é que, quando os assalariados recebem pagamentos extraordinários, o dinheiro é destinado em parte às cadernetas e aí permanece até que os depositantes façam despesas e liquidem compromissos pendentes. Os recursos que eventualmente sobrarem tendem a migrar para outro tipo de investimento financeiro.

Também em 2005 as retiradas foram superiores às aplicações em poupança, mas naquele ano o saldo fechou positivo graças ao volume de rendimentos acumulados, o que não ocorreu no ano passado.

Em termos nominais, o saldo total nas contas de poupança parece robusto, tendo ficado em R$ 656,6 bilhões no fim de dezembro, uma queda de R$ 6,1 bilhões ou 0,93% em relação a 2014 (US$ 662,7 bilhões). Contudo, levando em conta que a inflação foi de 10,67% no ano passado, houve uma diminuição substancial de recursos para financiamento à construção civil.

Para atenuar a situação, em maio o Banco Central liberou os bancos para utilizar R$ 22,5 bilhões dos depósitos compulsórios relativos à poupança para o setor habitacional, o que não surtiu os efeitos desejados porque caiu a demanda de empréstimos para a compra da casa própria.

Como vinha ocorrendo desde o primeiro trimestre, o rendimento anual da poupança – 8,07%, englobando juros de 0,5% ao mês mais a Taxa Referencial (TR) – ficou abaixo da inflação acumulada em 2015. Para este ano, as perspectivas são algo melhores. Embora a recessão deva continuar, com taxas de desemprego ainda muito altas – o que tende a acentuar as retiradas –, se a inflação baixar para 7%, como projeta o mercado, pode ser que o rendimento dessa aplicação se equipare à alta média dos preços, tornando as cadernetas mais atraentes.

De qualquer maneira, as aplicações em poupança continuarão sofrendo forte concorrência de investimentos financeiros bem mais rentáveis, tanto mais se a taxa básica de juros, como se prevê, continuar em nível elevado. 

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO