Os imóveis de Médio e Alto Padrão (MAP) ostentaram resultados expressivos em 2023. De janeiro a setembro deste ano, o segmento registrou um crescimento de 13%, sendo responsável pela movimentação de mais de R$ 14,4 bilhões, de acordo com o indicador ABRAINC-FIPE. A expectativa do mercado imobiliário de luxo é que 2024 seja um ano de readequação de preços e estabilização do setor.
“Durante a pandemia, em 2020 e 2021, o mercado de alto padrão subiu de maneira significativa”, relata Marcello Romero, CEO da Bossa Nova Sotheby’s, imobiliária especializada em imóveis de luxo. Ele explica que muitas famílias, ao se verem presas em casa, passaram a buscar imóveis maiores e, por consequência, mais caros. A isso se somou o aumento do custo de construção.
Em junho de 2021, o Índice Nacional de Construção (INCC-DI), que mede a alteração dos custos na construção civil, chegou a apontar uma alta de 17,36% no acumulado de 12 meses. Atualmente, o mesmo índice está em 3,26%. Isso significa que houve uma estabilização nos custos relacionados à construção, como material e mão de obra, mas os preços subiram durante a jornada e permanecem nas alturas.
Para Romero, a perspectiva é que o mercado não observe uma diminuição em 2024. “Ainda que 2022 e 2023 tenham sido anos de consolidação, o custo da construção e dos terrenos subiram muito”, observa. “O mercado de alto padrão ainda precisa de um tempo para se acostumar com os valores praticados hoje em dia e entender que eles continuarão assim”, argumenta.
Queda dos juros
Recentemente, a Selic, taxa básica de juros, chegou a 11,75% ao ano, o que tende a baratear o crédito. Na visão de Romero, esse fator, porém, não influencia a compra do imóvel próprio dos mais endinheirados. “O público de alto padrão não depende de crédito imobiliário Eles observam os imóveis como um mercado de oportunidade, de rentabilização de capital”, aponta. “Trata-se mais de uma realização do que de uma necessidade”, acrescenta.
A queda dos juros, entretanto, pode ajudar a fomentar o cenário para investidores. O executivo acredita que a diminuição da rentabilidade de títulos atrelados à Selic vai fazer com que se procure outras formas de rentabilizar e o mercado imobiliário tem o potencial de se destacar.
Perfil dos imóveis
Imóveis grandes, bem localizados e seguros. As características básicas do mercado imobiliário continuam sendo as mais relevantes para o setor de alto padrão, mas o fator exclusividade deve se destacar em 2024. Pelo menos é isso que antecipa Romero. “Percebemos uma manutenção da arquitetura de autor. Quem assina o projeto do empreendimento? Quem é o decorador?”, destaca.
Gustavo Favaron, CEO do GRI Club e do 8 Capital Group, corrobora essa perspectiva. “As empresas do setor de luxo terão que buscar assinaturas e grifes de luxo para conectar as marcas com o mercado”, pontua. Ele acredita que o mercado de segunda residência, especialmente no litoral do Nordeste, também deve se tornar uma tendência da próxima estação.
Em relação ao mercado de segunda residência, outro segmento que promete atrair milhões de reais para o setor imobiliário são as casas construídas em condomínios. “Uma nova safra de empreendimentos de alto padrão a até 120 km de São Paulo está nascendo e o mercado de venda de terrenos, que não andava tão bem, deve ganhar mais demanda”, complementa Romero.