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04/03/2020

Oferta menor pode limitar negócio com imóvel comercial

Demanda por escritórios e galpões se mantêm forte, neste ano, diz consultoria CBRE

Restrições de oferta de propriedades comerciais - escritórios e galpões - disponíveis para venda poderão resultar em queda das operações neste ano em relação a 2019, ainda que combinação de juros baixos, real desvalorizado e retomada do mercado de locação estimule o interesse pelos ativos. “Está mais difícil encontrar bons produtos para aquisição”, disse ao Valor o presidente da CBRE, Walter Cardoso. Segundo ele, o total negociado em São Paulo e no Rio poderá corresponder, em 2020, a apenas 80% do volume financeiro do ano passado ou, no máximo, alcançar os R$ 17,7 bilhões de 2019.

Em 2019, as operações de compra e venda de ativos praticamente triplicaram em relação aos R$ 6 bilhões do ano anterior. No segmento de escritórios, houve alta de R$ 3 bilhões para R$ 11,2 bilhões, dos quais a maior parte dos negócios se refere a ativos classe A. Em galpões, o volume de compra e venda chegou a R$ 6,5 bilhões, ante os também R$ 3 bilhões de 2018.

 

Na avaliação de Cardoso, 2020 tem tudo para ser “um ano espetacular, com economia reagindo e investidores à procura de rentabilidade”. “Existem trilhões em renda fixa buscando aplicações mais rentáveis”, diz, ressaltando que investidores têm considerado “muito boa” a segurança dos fundos de investimento imobiliário (FII).

No ano passado, os fundos imobiliários foram o investimento mais rentável e o principal comprador de ativos de escritórios e de galpões. Entre os vendedores de imóveis, estão fundos que já completaram seu ciclo e precisam vender os empreendimentos, além de famílias proprietárias.

 

Na avaliação do executivo, o capital estrangeiro com interesse no Brasil, mas ainda não presente no país, está “mais perto, atualmente, do que no começo de 2019”, devido às reformas e à desvalorização do real. “O câmbio está uma maravilha para quem quer trazer dinheiro para cá, mas notícias ruins em relação à imagem do Brasil, ligadas à Amazônia e à agenda de costumes, estão pesando mais do que as pessoas pensam para os investidores estrangeiros que ainda não estão aqui ”, pondera Cardoso.

No mercado paulistano de escritórios, a taxa de vacância caiu de 18,2%, em 2018, para 14,4% em 2019, considerando-se os 8,5 milhões de metros quadrados monitorados pela CBRE. “Desde 2014, não tínhamos essa vacância”, diz Cardoso. A absorção bruta chegou a 865 mil metros quadrados, com 52% do total na Marginal Pinheiros e 23%, nos Jardins (incluindo a Faria Lima). A absorção líquida -contratações menos devoluções de área - foi de 380 mil metros quadrados, recorde dos últimos cinco anos. Nas regiões mais procuradas, os preços fechados de locação ficaram de 10% a 30% mais elevados, conforme a região, de acordo com Cardoso.

 

No Rio de Janeiro, a vacância de escritórios teve leve queda de 27,1% para 26,7%. Houve absorção bruta de 270 mil metros quadrados e absorção líquida de 15 mil metros quadrados. “O mercado carioca está reagindo devagarinho”, diz. O aumento dos preços fechados de aluguel foi de 5% a 10% em regiões mais disputadas.

No segmento de galpões, a taxa de vacância no Estado de São Paulo caiu de 23,1% para 18,7%. A absorção bruta cresceu 13,3%, para 1,7 milhão de metros quadrados, e a absorção líquida aumentou 66,7%, para 1 milhão de metros quadrados. No Estado do Rio de Janeiro, a vacância teve leve alta de 29,6% para 29,7%, e a absorção bruta foi reduzida em 6,7%, para 280 mil metros quadrados.

FONTE: VALOR ECONôMICO