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18/03/2025

OPINIÃO: O novo perfil das famílias brasileiras e seu impacto no mercado imobiliário (Estadão Imóveis)

O mercado imobiliário brasileiro passa por uma nova fase de transformação, impulsionada por mudanças na estrutura familiar e nos hábitos de moradia

O mercado imobiliário brasileiro passa por uma nova fase de transformação, impulsionada por mudanças na estrutura familiar e nos hábitos de moradia. O número médio de moradores por residência no Brasil caiu de 3 para 2,8 nos últimos anos, segundo dados do IBGE. Esse fenômeno é reflexo do crescimento das famílias unipessoais, que aumentaram 38% entre 2018 e 2023.

Tal mudança demográfica, combinada com desafios econômicos, têm remodelado o setor e influenciado diretamente as estratégias das incorporadoras e o comportamento dos consumidores. Dados recentes indicam que as famílias estão menores, o que tem elevado a demanda por imóveis compactos, tanto para compra quanto para aluguel. 

Jovens adultos que priorizam independência, casais sem filhos e idosos que preferem morar sozinhos são alguns dos perfis que mais impulsionam esse movimento. Paralelamente, o tamanho médio dos imóveis financiados também tem diminuído: entre 2018 e 2024, a metragem total caiu 12,75%, enquanto a área privativa teve uma redução de 6%.

O mercado imobiliário já vem reagindo a essas mudanças. Incorporadoras têm lançado projetos com metragens menores e otimizando o espaço. Unidades de até 40 m² ganharam mais representatividade nos financiamentos nos últimos anos, atendendo à crescente demanda por praticidade, menor custo e localização privilegiada.

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A Caixa Econômica Federal registrou um aumento na concessão de crédito para imóveis compactos. Em 2019, apenas 5,8% dos contratos de financiamento eram para imóveis de até 40 m²; em 2024, esse percentual subiu para 10,83%, demonstrando o impacto real dessa mudança de comportamento.

Além disso, a busca pelo menor custo de manutenção e localização estratégica também influencia a decisão por microapartamentos e estúdios. Entretanto, o mercado locatício brasileiro, que já apresenta uma tendência de crescimento de longo prazo, também se beneficia do cenário.

A vantagem do cenário recai sobre os aluguéis, pois imóveis menores são mais acessíveis e, em muitos casos, permitem que os inquilinos mantenham o padrão de localização e infraestrutura sem comprometer tanto o orçamento. Esse é um fator essencial diante do atual cenário econômico, marcado por juros elevados, custo de vida crescente e dificuldades no financiamento imobiliário. 

Além disso, o crescimento do aluguel também é impulsionado pela digitalização do setor. Novas tecnologias e modelos de garantia locatícia têm reduzido drasticamente a burocracia, tornando o aluguel uma alternativa ainda mais conveniente e ágil para os novos perfis familiares. 

Sendo assim, o mercado imobiliário brasileiro está evoluindo para acompanhar as novas configurações das famílias e os desafios econômicos atuais.O aumento da procura por imóveis menores e alugados não é apenas uma tendência, mas uma resposta direta às transformações sociais e financeiras do país. 

Se antes a compra de um imóvel maior era vista como uma meta padrão, hoje a flexibilidade, a mobilidade urbana e a viabilidade financeira são fatores centrais na tomada de decisão. A adaptação do setor a essa nova realidade será essencial para atender às necessidades da sociedade nos próximos anos.

FONTE: ESTADãO IMóVEIS