O momento não poderia ser mais oportuno. O Ourinvest volta ao setor que consagrou a atuação da casa no início dos anos 2000 no início de um novo ciclo imobiliário, quando o mercado volta a aquecer, mas os preços ainda permanecem descontados.
O retorno do grupo ocorre ainda a bordo de uma proposta inovadora: um fundo imobiliário com características de "hedge fund", ou seja, que mantém plena liberdade para investir em qualquer classe de ativos e estratégia relacionada às propriedades.
De acordo com Rossano Nonino, diretor-executivo da área financeira e imobiliária do Ourinvest, com o fim do período de não competição após a venda do braço de investimentos imobiliários, a BFRE, ao BTG Pactual no fim de 2011, "a casa volta a remontar a plataforma que havíamos construído lá atrás", que incluía gestora de recursos e imobiliária e securitizadora. "Queremos voltar a ser um dos líderes no segmento de fundos imobiliários, tanto em fundos de papel, como em carteiras de renda, temáticas e de desenvolvimento."
O primeiro fundo da nova plataforma, o Ourinvest Cyrela, lançado em maio, é, segundo Nonino, o primeiro multimercado imobiliário do país. A carteira pode investir em qualquer ativo ligado ao setor imobiliário, desde renda fixa, como Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs), Letras de Crédito Imobiliário (LCIs), a ações, cotas de outros portfólios e até imóveis físicos ou projetos de desenvolvimento, se o gestor enxergar oportunidades nessas áreas.
"A gente identificou que existem negócios fora do radar de gestores de fundos, porque estão todos disputando grandes lajes e shoppings, mas chega muita coisa que a gente não consegue encaixar nesses fundos maiores, como um shopping menor, por exemplo, com possibilidade de ganho de capital", explica o executivo.
Com recursos iniciais de R$ 53 milhões, a carteira pretende fazer novas emissões, "conforme as oportunidades apareçam". Nonino afirma que a meta oficial do portfólio é um retorno de 120% do CDI. O fundo terá ainda a Cyrela como consultoria imobiliária, em uma espécie de gestão colegiada na qual a parte de análise de investimentos fica com o Ourinvest, mas a avaliação dos fundamentos imobiliários é feita pela incorporadora.
"Nossa atuação é complementar, já estivemos presentes nos principais mercados do país, conhecemos em detalhes bairros e ruas de São Paulo e Rio de Janeiro, além dos vários segmentos, como escritórios, lajes, shoppings e residencial", afirma Paulo Gonçalves, diretor de relações com investidores da Cyrela.
Segundo o executivo, uma das estratégias do fundo "é ter uma concentração de no máximo 10% para cada operação". O executivo cita 12 investimentos em análise pelo Ourinvest Cyrela no momento, com meta de "alocar, pelo menos, 60% nos próximos 180 dias".
Embora o Ourinvest enxergue seu fundo como o primeiro multimercado imobiliário, quatro anos antes a Capitânia lançava o Capitânia Reit. Mas, diferentemente do produto lançado agora, a carteira da gestora recebe classificação de multimercado e não fundo imobiliário.
Os dois produtos apresentam diferenças em termos de objetivos e negociação. O fundo da gestora Capitânia é voltado a investidores qualificados e não tem cotas negociadas em bolsa, como o Ourinvest Cyrela. Outra diferença é que o multimercado investe predominantemente em cotas de FII, papéis de renda fixa e crédito privado.
"Criamos o Capitânia Reit para aproveitar o movimento de liquidação que muitos investidores pessoa física entraram quando começou a subir os juros lá atrás, e deu certo", diz Caio Conca, sócio responsável pela área de investimentos imobiliários da gestora. O fundo registra retorno nominal de 40,4% em 24 meses até maio.