Representantes de entidades como Secovi e Sinduscon-SP afirmam que nova ajuda de R$ 43 bi permite que obras continuem em andamento
O pacote de regras que pretende injetar no setor de habitação R$ 43 bilhões, anunciado no dia 9 pela Caixa Econômica Federal e em vigor desde segunda-feira (13), ajudará as construtoras a manter as obras em andamento e a evitar uma onda de demissões em decorrência da crise econômica trazida pelo avanço da covid-19. A opinião é de representantes de entidades do setor ouvidos pelo R7.
São mais de 530 mil unidades habitacionais em construção no país, responsáveis pela geração de 1,2 milhão de empregos diretos e indiretos, segundo a CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção).
“Em uma época como esta de crise, que só tem comparativo com uma grande guerra, somente medidas fortes, na linha de manter empregos e estimular a aquisição para manutenção futura do trabalho, poderão tirar o país dessa situação”, afirma o presidente da entidade, José Carlos Martins.
Entre as medidas anunciadas pela Caixa estão
Para a pessoa física:
- Possibilidade de prazo de carência de 180 dias em novos contratos
- Possibilidade de pagamento parcial dos encargos por 90 dias
- Possibilidade de liberação de até 2 parcelas na construção individual sem vistoria
- Possibilidade de negociação de contratos em atraso de 61 dias a 180 dias, com
incorporação de encargos e pausa concomitante
Para construtoras e incorporadoras
- Possibilidade de prazo de carência de 180 dias nas novas contratações e na fase de retorno
- Antecipação de até 3 meses do cronograma para obras em execução
- Liberação de recursos do financiamento não utilizados anteriormente
- Admitir prorrogação do cronograma físico-financeiro das obras
- Possibilidade de pagamento parcial dos encargos por 90 dias
- Antecipação de até 20% do financiamento em novos empreendimentos
Para Odair Senra, presidente do sindicato das construtoras em São Paulo, o Sinduscon-SP, os programas mostram que a ideia da Caixa é manter o setor funcionando. A expectativa do setor da construção é chegar ao final do ano como um dos setores com menores perdas.
“É uma série de estímulos concretos, fáceis de colocar em prática, de forma que as construtoras clientes da Caixa tenham condição de acomodar sua receita em relação à sua dívida com o banco”, afirma.
A opinião é semelhante à de Basilio Jafet, presidente do Secovi-SP, que destaca o grau de importância das medidas de estímulo ao setor. “Ao oferecer crédito às construtoras nesse momento de crise, a instituição contribui efetivamente para a continuidade das obras e consequentemente para a geração de emprego e renda”, disse.
Ele estima que há 120 mil postos de trabalho em 900 prédios que são erguidos atualmente no estado de São Paulo.
Pouco relevante
Já Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, avalia que as medidas da Caixa para atrasar pagamentos de prestações são bem-vindas, mas que o efeito não é tão relevante dada a magnitude da crise. "Quando você fala de construção, você fala de confiança, de prazos longos. As pessoas que perdem o emprego ou têm medo de perder o emprego começam a renegociar, fazem distratos etc. Obras que estavam sendo feitas, alguma coisa avança, mas novas obras estão descartadas". Segundo Vale, os recursos mitigam um pouco o prejuízo, mas a queda no setor ainda assim deverá superar 10%, avalia.
Pacote
O pacote anunciado na semana passada soma ações no valor de R$ 43 bilhões. Devem ser construídas com esse valor 530 mil unidades habitacionais. Com o novo aporte, o total destinado ao segmento imobiliário chegará a R$ 154 bilhões após a pandemia do novo coronavírus. Até então, a Caixa havia anunciado R$ 111 bilhões em recursos para bancar a casa própria.
A Caixa vai antecipar recursos para as empresas e dar mais alívio no orçamento para os mutuários da casa própria. A expectativa é beneficiar 5,5 mil famílias.
Atendimento
Para diminuir os riscos do coronavírus, o prazo de vencimento de laudos e avaliações foi ampliado. Além disso, a Caixa recomenda realizar os serviços por meio dos canais digitais, como Internet Banking e App Habitação, ou pelos telefones 3004-1105 e 0800 726 0505, opção 7, ou do número 0800 726 8068 para renegociação de contrato.