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01/06/2016

País deixa de investir

A construção civil está parada, com queda de 6,2% no primeiro trimestre de 2016, ante igual período do ano passado.

Simone Kafruni

A taxa de investimento nunca foi tão baixa no país. O desempenho da construção civil e a queda na produção e na importação de máquinas e equipamentos foram os principais responsáveis por uma Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) 17,5% menor no primeiro trimestre de 2016 em relação a igual período do ano passado. Com isso, a taxa de investimentos ficou em 16,9% do Produto Interno Bruto (PIB), a mais baixa para o período de toda a série histórica, iniciada em 1992.

“Para o país crescer razoavelmente bem, a taxa de investimento deveria ficar em 25% do PIB”, destacou Rodrigo Ventura, economista do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo ele, a construção civil tem um peso de 55,5% no indicador de investimentos, enquanto máquinas e equipamentos representam 30,5% da FBCF.

E a construção civil está parada, com queda de 6,2% no primeiro trimestre de 2016, ante igual período do ano passado. Resultado puxado tanto pelo segmento de infraestrutura quanto pelo imobiliário. Desde o início de 2014, quando registrou 9% de alta, já são oito períodos seguidos de retração no segmento. “Isso acaba impactando a formação bruta de capital fixo (FBCF)”, explicou Ventura.

Política - Para o professor de economia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Fernando Ferrari, vários fatores provocaram o desmoronamento da economia no país. “A conjuntura política vem inviabilizando a economia. Não há um arranjo mínimo para medidas de reformas estruturais no governo, o que impede a retomada dos investimentos”, argumentou.

Segundo Ferrari, as taxas de juros são muito altas, o que se torna uma dificuldade para o investidor, que precisa tomar crédito. “Os setores mais afetados são os de investimentos públicos e de logística”, listou. Para ele, a volatilidade da taxa de câmbio também foi prejudicial. “Houve um salto muito grande e o investimento foi totalmente postergado”, disse.

“Os empresários veem a queda do PIB diminuir as perspectivas de vendas para as famílias”, afirmou. Sem consumo, não há por que pegar crédito caro no mercado para investir em aumento da produção. “São afetados por isso os setores de bens de capital, máquinas e automotivo. Os mais prejudicados, certamente, são os de consumo durável”, detalhou.

Outro problema grave que derrubou os investimentos à menor taxa da história é a situação da Petrobras. O setor petroleiro sempre foi grande responsável por investimentos de maior vulto. “Porém, o governo está em uma sinuca de bico com a Petrobras, que reduziu drasticamente seu plano de negócios”, destacou. (Colaborou Celia Perrone) Saiba mais... PIB desaba e fundo do poço ainda não chegou.

FONTE: CORREIO BRAZILIENSE