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18/11/2020

Pandemia aumenta o número de imóveis comerciais vagos em São Paulo

A taxa de vacância de imóveis vazios que, nos bons tempos, foi de 10%, alcançou 18% na crise e atingiu 30% em 2020 no estado de São Paulo, segundo a associação do setor

A taxa de vacância de imóveis vazios que, nos bons tempos, foi de 10%, alcançou 18% na crise e atingiu 30% em 2020 no estado de São Paulo, segundo a associação do setor.

A pandemia aumentou o número de imóveis comerciais vagos nos maiores centros urbanos do país.

Caixas por todo lado, gavetas e armários vão sendo desocupados. O cenário é típico de mudança, mas dessa vez de uma senhora mudança. O prédio de 15 andares onde funcionavam os departamentos de arquitetura e planejamento do Metrô de São Paulo está sendo esvaziado e será vendido. E a vida de quem trabalhava lá vai ficando muito diferente.

“Não vejo algum tempo já alguns, e vários eu vou ver só através dos sistemas que a gente utiliza para reuniões e para conversar sobre projetos”, conta Edson Alves Feitosa, supervisor da biblioteca do Metrô.

Outros dois prédios que o Metrô alugava foram devolvidos, assim como três andares de outro edifício no centro de São Paulo. Com 600 funcionários em trabalho remoto e sem os gastos com espaço físico, a economia vai ser de quase R$ 10 milhões por ano.

Em uma empresa de tecnologia, os antigos espaços vão ficando vazios: 80% dos 2.500 funcionários agora trabalham em casa. A despesa vai diminuir. “Nós entregamos dois andares no Rio de Janeiro, dois andares em São Paulo e dois andares em Curitiba. Média de economia é de 35 a 40% mais ou menos”, explica Lígia Araújo Marcondes, diretora de marketing.

E entregar os imóveis significa entregar também os móveis: cadeiras, mesas, apoios para as mãos e os computadores. Muito do que sai dos escritórios esvaziados já tem endereço certo: a casa dos funcionários. Esse tipo de mudança entrou com tudo na rotina de uma empresa que aluga móveis comercial, que agora não deixa de ser também residencial.

A quantidade imensa de móveis devolvidos passa por higienização. De galpões, vai para os novos endereços. “Tem muitas empresas que já estão pensando nisso já na contratação. Recebeu um novo colaborador, já entende que ele precisa de uma mesa, de uma cadeira, uma ergonomia. A gente já entrega na casa desse novo colaborador”, diz Pâmela Vaz, locadora de móveis

O kit escritório agora é parte da decoração da casa da Katia. Foi um alívio. “Inclusive, eu tenho uma doença crônica que é fibromialgia. E o mobiliário que eu tinha, anterior não estava adequado”, conta Katia Gadelha, coordenadora iFood.

Quem sofre agora é o mercado de imóveis comerciais que mal começou a se recuperar da crise econômica e caiu com a pandemia. A taxa de vacância de imóveis vazios que nos bons tempos foi de 10%, alcançou 18% na crise e atingiu 30% em 2020 no estado de São Paulo, segundo a associação do setor. Na capital, 220 mil metros quadrados de escritórios foram devolvidos só no primeiro trimestre, segundo pesquisa de análise desse mercado.

Ainda é cedo para saber o impacto a longo prazo, mas um urbanista acredita que boa parte das mudanças impostas pela pandemia veio para ficar. Transformar imóveis comerciais em residenciais e vice e versa ainda é burocrático e caro no Brasil, mas segundo ele é possível e necessário repensar o uso dos prédios de escritórios.

“Há também interesse do mercado imobiliário em ocupar esses imóveis. Muitas vezes esses móveis que se encontram vazios estão acarretando prejuízos também para o mercado imobiliário. Mas é preciso ter uma ação coordenada com o poder público, incentivada pelo poder público para que essas iniciativas aconteçam”, avalia Henrique Frota, coordenador executivo do Instituto Pólis.

FONTE: ESTADO DE S. PAULO