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21/08/2023

Pandemia e tecnologia mudam formatos de imóveis (Estado de S.Paulo)

Mesmo depois do fim da pandemia de coronavírus, algumas mudanças de comportamento trazidas pela crise sanitária se refletiram em transformações duradouras nos modelos de empreendimentos imobiliários

Mesmo depois do fim da pandemia de coronavírus, algumas mudanças de comportamento trazidas pela crise sanitária se refletiram em transformações duradouras nos modelos de empreendimentos imobiliários. O maior gosto pelos ambientes abertos, ventilados e iluminados, bem como a flexibilidade do trabalho híbrido (uns dias em casa, outro no escritório) são temas que vão continuar reverberando nos novos prédios residenciais e comerciais.

 

“Com o trabalho remoto, as pessoas agora passam mais tempo dentro de casa e começaram a ter uma percepção maior da importância do espaço e criaram demandas maiores de bem-estar para as moradias”, disse a presidente da Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura (Asbea), Milene Abla Scala, em participação no Seminário Real Estate. “Esse tipo de demanda tem aparecido mais na hora do desenvolvimento dos projetos residenciais”.

 

Nos prédios comerciais, tem sido notado um aumento das áreas vagas tanto nos escritórios quanto nos estacionamentos, já que o fluxo diário de trabalhadores diminuiu.

 

Outro comportamento que já vinha crescendo e deu um salto na pandemia foi o hábito de se fazer compras pela internet, incluindo aí a consolidação dos aplicativos de pedido de lanches e refeições. Isso tem estimulado a expansão das chamadas dark kitchens - cozinhas destinadas ao preparo de alimentos exclusivamente para entrega. Milene lembrou que foi necessária a criação de uma lei para regularizar os locais e os imóveis para implantação das dark kitchens na cidade de São Paulo: “As pessoas pedem mais comida em casa. É um fato decorrente de mudanças de geração com novos desejos, da pandemia e das novidades da tecnologia.”

 

Outra tendência para o mercado imobiliário é o crescimento do aluguel residencial em vez da compra da moradia, que tem ficado mais cara, segundo o ex-presidente do Sindicato da Habitação (Secovi) e presidente da construtora Ingaí, Claudio Bernardes: “As pessoas querem estar em locais centrais, onde possam se deslocar com facilidade, mas esses lugares geralmente são mais caros. Para estar em locais assim e o cliente conseguir pagar pouco, o tamanho do apartamento vem diminuindo.”

 

Uma alternativa é o aluguel. Em Londres, eles representavam 40% das moradias nos anos 2000 e devem chegar a 65% até 2025. Em Nova York, estão passando de 60%, apontou Bernardes. Já em São Paulo, o aluguel é cerca de 21% do mercado. 

FONTE: ESTADO DE S.PAULO