Daniela Meibak
As receitas das companhias de securitização talvez não sejam suficientes para cobrir suas elevadas despesas operacionais, dado o cenário atual de volatilidade e qualidade dos ativos. Essa é a avaliação da agência de classificação de risco Fitch, que publicou relatório especial sobre o segmento. A instituição avalia que algumas securitizadoras podem não estar precificando custos operacionais de acordo com a sua lucratividade, o que é prejudicial ao setor.
"O mercado de securitização no Brasil tem sido marcado por elevada concorrência, e as emissões de Certificados de Recebíveis Imobiliários [CRI] normalmente envolvem prazos longos. As securitizadoras precisam manter estruturas que envolvem alguns custos fixos para monitorar e controlar as emissões adequadamente, o que exige uma receita recorrente mínima", afirma a agência. Com baixo volume de emissões de CRI, que caiu 47% em 2015, as margens operacionais de várias empresas têm se reduzido.
A equipe de Jean Lopes, Claudio Gallina e Jayme Bartling destaca em relatório a alta concentração desse mercado - apenas três companhias realizam aproximadamente 60% das emissões de CRI no país, apesar do elevado número de empresas existentes. Em 2015, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) registrava cerca de 30 companhias, que atuam na estruturação e na gestão fiduciária de créditos lastreados por emissões de CRI ou Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA).
A equipe destaca ainda o risco reputacional atrelado às emissões. A maior parte das ofertas de CRI e CRA é feita sob regime fiduciário, em que os créditos são excluídos do patrimônio da emissora e, portanto, não são alçados em caso de falência. No entanto, a Fitch entende que um desempenho negativo das emissões, mesmo fora do balanço, pode afetar a imagem das companhias e futuras operações.