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04/07/2016

Para frear calote, bancos investem em especialistas em crédito

O objetivo é convencer o cliente a buscar linha de menor custo, mesmo que ele não esteja inadimplente.

Depois do especialista em aplicações financeiras, os bancos estão investindo em outro tipo de funcionário para assessorar seus clientes. É o especialista em crédito.

O Banco do Brasil, por exemplo, possui desde abril essa figura para atender clientes de renda média e alta, dentro do seu programa de crédito responsável.

São dois tipos de especialista, um apenas para crédito imobiliário e outro para orientar o cliente nas demais operações. As abordagens são feitas, principalmente, por meio de teleconferências.

O objetivo é convencer o cliente a buscar linha de menor custo, mesmo que ele não esteja inadimplente.

O BB também se prepara para lançar neste mês um extrato de operações de crédito, separadamente do extrato convencional da conta-corrente. A ideia é mostrar ao cliente um resumo das operações, sugestões de linhas mais baratas e orientá-lo sobre como fazer a mudança.

Inadimplência - O vice-presidente de negócios de varejo do Banco do Brasil, Raul Moreira, diz que essas iniciativas têm contribuído para que a instituição mantenha os níveis de inadimplência sob controle em um momento em que o sistema financeiro registra aumento de atrasos.

Segundo dados do Banco Central, a inadimplência das pessoas físicas no crédito bancário cresceu de 3,7% para 4,3% nos últimos 12 meses, considerando dados até abril.

"É uma estratégia preventiva. Nas linhas tradicionais de crédito pessoa física, a gente não detectou piora por causa dessas ações."

Recomendações - Os especialistas recomendam, por exemplo, a troca de dívidas no rotativo do cartão de crédito e no cheque especial por financiamentos atrelados a salários (como o consignado), garantias (imóveis e veículos) e adiantamentos (restituição de IR e 13º).

Metade do dinheiro liberado nessas duas últimas linhas neste ano pelo banco, por exemplo, foi usada para pagar dívidas mais caras.

O consignado, por exemplo, possui juro de 1,5% ao mês. Linhas com garantia de imóveis, veículos, investimentos financeiros e restituição de IR têm taxas em torno de 2% ao mês. Em todos os casos, estão bem abaixo dos 4,5% do cheque especial.

As grandes instituições financeiras têm buscado avançar nos seus programas de crédito consciente, principalmente em um momento em que a inadimplência tem crescido e obrigado os bancos a aumentar suas reservas contra perdas.

"Temos uma linha de produtos de crédito sob controle, que dá opções de se pagar uma dívida de forma mais saudável", afirma Rodrigo Cury, superintendente-executivo de cartões do Santander. 

FONTE: FOLHA DE S. PAULO