Depois do especialista em aplicações financeiras, os bancos estão investindo em outro tipo de funcionário para assessorar seus clientes. É o especialista em crédito.
O Banco do Brasil, por exemplo, possui desde abril essa figura para atender clientes de renda média e alta, dentro do seu programa de crédito responsável.
São dois tipos de especialista, um apenas para crédito imobiliário e outro para orientar o cliente nas demais operações. As abordagens são feitas, principalmente, por meio de teleconferências.
O objetivo é convencer o cliente a buscar linha de menor custo, mesmo que ele não esteja inadimplente.
O BB também se prepara para lançar neste mês um extrato de operações de crédito, separadamente do extrato convencional da conta-corrente. A ideia é mostrar ao cliente um resumo das operações, sugestões de linhas mais baratas e orientá-lo sobre como fazer a mudança.
Inadimplência - O vice-presidente de negócios de varejo do Banco do Brasil, Raul Moreira, diz que essas iniciativas têm contribuído para que a instituição mantenha os níveis de inadimplência sob controle em um momento em que o sistema financeiro registra aumento de atrasos.
Segundo dados do Banco Central, a inadimplência das pessoas físicas no crédito bancário cresceu de 3,7% para 4,3% nos últimos 12 meses, considerando dados até abril.
"É uma estratégia preventiva. Nas linhas tradicionais de crédito pessoa física, a gente não detectou piora por causa dessas ações."
Recomendações - Os especialistas recomendam, por exemplo, a troca de dívidas no rotativo do cartão de crédito e no cheque especial por financiamentos atrelados a salários (como o consignado), garantias (imóveis e veículos) e adiantamentos (restituição de IR e 13º).
Metade do dinheiro liberado nessas duas últimas linhas neste ano pelo banco, por exemplo, foi usada para pagar dívidas mais caras.
O consignado, por exemplo, possui juro de 1,5% ao mês. Linhas com garantia de imóveis, veículos, investimentos financeiros e restituição de IR têm taxas em torno de 2% ao mês. Em todos os casos, estão bem abaixo dos 4,5% do cheque especial.
As grandes instituições financeiras têm buscado avançar nos seus programas de crédito consciente, principalmente em um momento em que a inadimplência tem crescido e obrigado os bancos a aumentar suas reservas contra perdas.
"Temos uma linha de produtos de crédito sob controle, que dá opções de se pagar uma dívida de forma mais saudável", afirma Rodrigo Cury, superintendente-executivo de cartões do Santander.