A construtora Passarelli Engenharia lançou no último fim de semana um empreendimento residencial que marca sua retomada no mercado da incorporação.
O edifício Pinheiros by Passarelli, com 263 unidades e valor geral de vendas (VGV) potencial de R$ 100 milhões, é o primeiro desde a criação da Passarelli Incorporação, braço do grupo que vai funcionar como uma empresa independente, segundo Paulo Bittar, presidente da companhia.
À frente da nova área está a engenheira civil Andreia Cardoso, que fez carreira como gerente nacional de incorporação da Tenda, quando esta passou a ser controlada pela Gafisa, superintendente de incorporação da Brookfield (atual Tegra), e diretora de real estate da Capital Invest e do grupo Big.
A Passarelli, que completa em 2022 nove décadas de atuação, já fez incorporação em outros momentos, em projetos residenciais e comerciais, mas de forma pontual e em parceria com outras companhias. O diferencial agora, diz Cardoso, é que foi desenvolvida uma estratégia para a atuação no setor. “Paramos seis meses para planejar o que vai ser essa incorporadora, olhamos os dados de mercado, escolhemos as regiões e definimos a linha de produtos”, conta.
Nessa nova fase, a companhia está focada em empreendimentos de unidades compactas, em bairros nobres da capital paulista, como é o caso do prédio em Pinheiros. Cardoso não teme uma saturação desse segmento e aposta nos diferenciais do projeto: as unidades são de 24 a 43 metros quadrados, mas não há estúdios. Mesmo o menor apartamento tem um quarto. “Priorizamos que a pessoa possa ter privacidade, com uma planta bem resolvida”, afirma.
A empresa investiu ainda em lazer. São 17 áreas ao todo e algumas incomuns nesse tipo de prédio, como sala de pilates, quadra de beach tennis e cinema ao ar livre.
Outro diferencial, afirma a diretora de incorporação, é ter um preço de lançamento de R$ 11,5 mil por metro quadrado, abaixo do usual no mesmo bairro. Segundo a plataforma Hiperdados, a média do preço quadrado dos lançamentos em Pinheiros está em R$ 19.350 neste ano. “Só é viável pela parceria com a construtora, ganhamos sinergia”, diz.
O empreendimento em Pinheiros deve ser o único lançado neste ano, mas a companhia prevê mais dois projetos similares, em VGV e tipo de unidade, para 2023. A meta da Passarelli Incorporações é chegar a R$ 300 milhões anuais de VGV nos próximos cinco anos.
Para isso, precisa de terrenos, e a empresa está em fase de compras. Cardoso reconhece que os preços de terrenos na cidade estão elevados e que as regiões que buscam são concorridas, mas aposta na trajetória da companhia para conseguir adquirir áreas estratégicas.
Em seu site, a Passarelli afirma que está em busca de terrenos “a partir de 1.000 metros quadrados no Itaim Bibi, Paraíso, Mooca, Belém, Vila Formosa, Vila Carrão, Ipiranga, Vila Gumercindo e Sacomã”. “Pensamos no futuro também, a cidade está se desenvolvendo e algo que não é muito valorizado hoje pode ser depois”, afirma Cardoso.
Desde 2019 a Passarelli Engenharia ensaia voltar à incorporação com mais constância, e chegou a anunciar uma previsão de VGV de R$ 400 milhões em projetos residenciais para biênio 2019-2020. Bittar e Cardoso afirmam que isso não ocorreu porque identificaram que era um momento complexo e instável para entrar no mercado, devido à pandemia.
Agora, avaliam que a situação mudou. “Olhando para os próximos dez anos, os sócios quiseram voltar para o mercado imobiliário”, diz Bittar, acrescentando que o déficit habitacional brasileiro faz com que haja uma demanda mais perene no setor, assim como acontece com a área de saneamento, especialidade do grupo.
A Passarelli ampliou nos últimos anos a parcela de clientes privados em sua carteira de obras, que chega hoje a 60%. A companhia afirma ter registrado R$ 530,2 milhões de receita bruta em 2021 e prevê fechar 2022 com faturamento de R$ 1 bilhão. A área de incorporação deve responder por cerca de 20% desse total nos próximos anos.
Matéria publicada em 30/08/2022