A PDG Realty precisa de aproximadamente R$ 300 milhões para sair do estado de alerta em que se encontra, conforme cálculos do mercado. Os recursos dariam tempo para organizar um plano de recuperação financeira - seja judicial ou não - que não cause um efeito sistêmico sobre o financiamento do setor imobiliário.
A empresa tem R$ 5,44 bilhões entre dívidas corporativas (da holding) e produtivas (de linhas setoriais ligadas às obras). Em junho, tinha R$ 270 milhões em caixa.
Muitos dentre os que conhecem de perto a situação acreditam que a PDG não vai escapar de uma recuperação judicial - conseguirá, no máximo, adiar.
Levantar recursos agora permitiria iniciar a recuperação em 2017 e, enquanto isso, envolver os bancos em busca da melhor solução possível à empresa e ao sistema, ainda que pela via judicial. A velocidade e organização com que a incorporadora pode buscar um procedimento judicial está nas mãos dos bancos. É isso que ela vem tentando dizer às instituições.
Procurada, a PDG não comentou os cálculos do mercado.
A companhia busca deixar claro aos principais bancos credores - Banco do Brasil (BB), Caixa Econômica Federal (CEF), Bradesco e Itaú Unibanco - o quão dramática é a situação e como ela piora sem acesso a capital.
A falta de dinheiro promove situações tais como: a administração de prédios em que a PDG possui unidades em estoque impede os corretores da empresa de entrar e vender, pois o pagamento dos condomínios está em atraso. Daí, uma situação alimenta a outra.
Os bancos estão preocupados com o volume de distratos e a dificuldade de retomada das vendas. E sem saber qual a saída: sustentar novas linhas ou tentar minimizar o volume concedido.
Conforme o Valor apurou, a PDG tenta mostrar seu lastro em ativos. Além de R$ 3,18 bilhões em estoques - R$ 1,19 bilhão em unidades concluídas e R$ 390 milhões, em construção, mais R$ 1,6 bilhão em terrenos -, há os recebíveis das vendas já feitas. O balanço de junho mostrava R$ 4,67 bilhões de valor a receber de clientes - R$ 1,85 bilhão no curto prazo.
Processos de recuperação judicial no setor imobiliário não são triviais. Além da questão do efeito sistêmico sobre o financiamento, são procedimentos com potencial de arrastar junto milhares de consumidores - os distratos não param de ser solicitados e seria necessário garantir a continuidade das obras.
Sem contar as ações cíveis que a PDG possui, abertas por consumidores, relacionadas a multas por atraso de obras e consertos. No balanço de junho, a companhia relatava provisões de R$ 480 milhões para perdas "prováveis" nestes casos. Há outros R$ 612 milhões para perdas "possíveis", em embates judiciais deste tipo, e para as quais não há provisionamento.