Um crescimento expressivo do PIB da construção em 2024 foi projetado na Reunião de Conjuntura Econômica do SindusCon-SP, conduzida por Eduardo Zaidan, vice-presidente de Economia, com a participação de Yorki Estefan, presidente da entidade, em 2 de outubro.
Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos da Construção do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), mostrou em sua apresentação que a atividade do setor e o nível de investimentos no primeiro semestre ficaram acima dos registrados no mesmo período em 2019, antes da pandemia. A perspectiva é que o PIB da construção cresça 3,6% ou até mais próximo a 4% em 2024, em relação ao ano passado. Ressalvou, entretanto, que a elevação dos juros poderá afetar mais adiante o ritmo de crescimento do setor.
Segundo a economista, produção e comércio de materiais acompanharam esse movimento de alta no período de janeiro a julho, com maior demanda por parte de construtoras e famílias. O consumo de cimento até agosto cresceu 3,5%, na comparação com o mesmo período de 2023. A ocupação na construção (empregos formais mais informais) cresceu mais do que na ocupação na média da economia.
Já o emprego formal mostra uma desaceleração no ritmo de crescimento, mais acentuadamente no segmento de infraestrutura, com o término de obras executadas em função do período eleitoral.
Ana Castelo ainda observou que, de acordo com a Sondagem da Construção do Ibre FGV, as empresas informam crescimento da atividade, corroborando a possibilidade de elevação expressiva do PIB do setor neste ano. Entretanto, acrescentou, a Sondagem revelou a piora das expectativas do setor, em parte baseada na elevação dos juros e também por conta da escassez da mão de obra e da elevação dos custos com pessoal e materiais. A pressão sobre o mercado de trabalho ainda deve se manter por algum tempo, afirmou.
As vendas de imóveis e o volume de crédito imobiliário seguiram em expansão, especialmente na capital paulista, prosseguiu, especialmente no segmento econômico, mas também no de médio e alto padrão. Os preços dos imóveis também seguiram acima da inflação, de acordo com o IGMI-R, mas este movimento pode ser afetado pela elevação de juros e de custos, advertiu. De qualquer forma, a atividade do mercado imobiliário deve seguir aquecida, enquanto na infraestrutura a atividade pode voltar a crescer por conta dos investimentos relacionados às concessões.
Conjuntura econômica
Robson Gonçalves, professor da FGV, destacou que, de acordo com a ata da última reunião do Copom (Conselho de Política Monetária), até 2025 a perspectiva é de inflação acima da meta de 3% ao ano; a elevação no Brasil, em paralelo ao aumento dos juros nos EUA atrai capitais estrangeiros, e contribui para reduzir a taxa de câmbio – embora não haja uma relação mecânica entre ambas as taxas; há um maior aquecimento da economia e um repasse aos preços da pressão dos aumentos salariais. Tudo levando à decisão do Bacen de elevação gradual dos juros.
O economista também comentou o último Relatório de Inflação do Banco Central, que mostra uma elevação projetada, de 3,5%, para 5,4%, de crescimento do PIB da construção neste ano. Para o ano que vem, o Bacen projeta um crescimento menor do PIB do país, de cerca de 2%. Segundo Gonçalves, com a reclassificação da nota de risco do país, é possível que a taxa de inflação convirja para a meta antes do esperado, se o câmbio cair mais.