Por Ana Luiza Tieghi
Poder surfar a qualquer momento, com a certeza de que as ondas estão propícias, é o chamariz de uma série de empreendimentos imobiliários que surgiram nos últimos anos.
O Praia da Grama, no condomínio Fazenda da Grama, em Itupeva (SP), já tem sua piscina de ondas específica para surfe, com 28 mil m2 e tecnologia da espanhola Wavegarden.
A JHSF prepara uma piscina similar para o Boa Vista Village, expansão do condomínio Fazenda Boa Vista, em Porto Feliz (SP), e outra para o São Paulo Surf Club, na capital paulista. Em novembro, foi anunciado mais um projeto na cidade, o Beyond The Club, com piscina de 27 mil m2 também da Wavegarden, em Santo Amaro.
E agora Santa Catarina vai receber um projeto com piscina de ondas própria para o surfe. Em Garopaba (SC), cidade já conhecida pela prática do esporte, o empresário André Giesta, da Giesta Incorporadora, está finalizando o complexo Surfland.
O espaço reúne um clube com piscina da mesma grife espanhola, de 30 mil m2, o que corresponde à área de 24 piscinas olímpicas. Ao lado fica um residencial com 278 apartamentos, vendidos como multipropriedade.
Cada comprador adquire, por R$ 148 mil ou R$ 248 mil, a depender do andar, uma cota que corresponde a uma fração da unidade e lhe dá direito a 14 dias de uso ao ano.
Nesse sistema, o proprietário fica com a escritura do imóvel, mas o divide com outros cotistas. Giesta conta que estão sendo vendidas 26 cotas para cada unidade, somando 7.228 frações.
O valor geral de venda (VGV) da Surfland é de pouco mais de R$ 1,1 bilhão, dos quais R$ 428 milhões já foram comercializados. Segundo Giesta, a meta é vender mais R$ 200 milhões até a inauguração do projeto, em outubro, e deixar R$ 500 milhões reservados para vendas após a data e para unidades que vão funcionar exclusivamente como hotel, administradas pela empresa de hospitalidade Livá. A empresa também vai atender as unidades de multipropriedade.
Surfista, o empresário é o único investidor do projeto, ressalta, que custou cerca de R$ 500 milhões. Os recursos vieram da própria venda das cotas e de uma operação junto à Unicred, de R$ 180 milhões, afirma Giesta.
O projeto ocupa uma área de 464 mil metros quadrados. Quem tem cotas dos apartamentos poderá usar o clube sem pagar nada além do condomínio, estimado para custar entre R$ 450 e R$ 480 ao mês. Hóspedes, que vão pagar uma diária de R$ 3.500 na baixa temporada, segundo o empresário, terão o mesmo direito. Só serão comercializados pacotes de reservas semanais. Cada diária pode ser dividida em até 4 pessoas, a capacidade dos apartamentos.
Será possível pagar só para usar o clube durante o dia, mas esse cliente não vai poder acessar a piscina de surfe, apenas as demais atrações do espaço, como quadras de beach tennis e basquete, ginásio, pista de skate e lojas e restaurantes.
Giesta diz que a restrição se deve à capacidade de uso da piscina. “Só tenho onda suficiente para os proprietários e hóspedes da semana, é um grande privilégio para quem compra a cota”.
Ele ressalta que seu projeto não é um parque de diversões tradicional. “Montanha-russa e toboágua, depois de muito tempo, vão enjoar, mas a piscina de onda vai evoluir”, afirma. A evolução é dos frequentadores que, conforme ganham experiência, podem evoluir entre os 16 tipos de onda da Wavegarden.
Também será um espaço amigável para iniciantes, afirma o empresário, por ser um ambiente controlado e com salva-vidas.
A Surfland vai funcionar como centro de treinamento para surfistas profissionais. A meta de Giesta é oferecer treinamento gratuito para 500 atletas ao ano.
Após o projeto em Garopaba, o empresário quer realizar ao menos quatro outros empreendimentos semelhantes. Aguarda a chegada de investidores ou os resultados do primeiro empreendimento para tirá-los do papel. “Tem dois projetos no Nordeste e mais no Sul”, afirma, completando que também tem sido procurado por empresas do Sudeste e de Brasília que estão interessadas no modelo.
(Matéria publicada em 06/03/2023)