Na reta final para ser aprovada pela Câmara Municipal de São Paulo, a revisão do Plano Diretor Estratégico pode sofrer nova modificação em um de seus pontos mais polêmicos: o tamanho da área no entorno de estações de metrô em que será permitida a construção de prédios sem limite de altura, a chamada verticalização.
Pelas regras atuais, as construtoras só podem erguer edifícios sem limite em um diâmetro de até 600 metros das estações.
Na revisão, o vereador Rodrigo Goulart, que relata a proposta, apresentou um substitutivo prevendo que a área poderia crescer, e prédios altos poderiam ser erguidos em um diâmetro de até 1.000 metros, ou 1 km, a partir das estações.
A resistência de arquitetos, urbanistas, especialistas e associações de moradores de áreas centrais foi intensa. E Goulart admitiu um recuo, definindo um diâmetro de até 800 metros para as construções.
O tamanho não foi suficiente para amenizar as críticas, que diziam que a mudança poderia levar São Paulo ao caos com o adensamento de áreas já saturadas e a destruição do miolo de bairros paulistanos como Pinheiros, Bela Vista, Vila Mariana e Freguesia do Ó.
A periferia também seria prejudicada, já que as construtoras seriam incentivadas a construir em novas áreas centrais liberadas para prédios de altura ilimitada, em detrimento de desenvolver projetos em regiões mais distantes do centro, mas próximas do transporte público.
Diante de novos protestos, Goulart já admite um novo recuo, limitando o diâmetro em que seriam permitidos os edifícios gigantes para uma distância de 700 metros das estações.
"As negociações estão ainda em andamento", afirma ele. "A ideia é que a grande maioria dos vereadores tenha tranquilidade para votar o projeto", diz.
A proposta apresentada por ele foi aprovada em primeira votação por 42 votos —eram necessários 37, ou um terço do total de 55 vereadores da Câmara Municipal, para que ela passasse da primeira etapa.
O placar, no entanto, foi apertado: quatro vereadores do PT que votaram a favor no primeiro turno, dizendo que fizeram isso para negociar propostas na segunda votação, poderiam mudar de lado, votando contra.
Isso faria com que o número de votos caísse para 38, um número apertado.
Com as negociações e recuos, a possibilidade de aprovação com folga maior na votação definitiva fica mais provável.