Os mantras fazem parte da vida do empresário Rodrigo Luna. Aos 52 anos, o fundador da incorporadora e construtora Plano&Plano guia-se por eles para, desde 1997, enfrentar os altos e baixos do setor imobiliário no Brasil. Três desses ensinamentos são considerados o alicerce para o sucesso nos negócios: respeito aos desejos do consumidor, consistência econômica e sem confiança exacerbada. E mostram-se eficazes quando se leva em conta os resultados da companhia em 2022. O Valor Geral de Vendas (VGV) alcançou R$ 1,7 bilhão, alta de 27% na comparação anual, enquanto o VGV dos lançamentos atingiu R$ 1,8 bilhão, 24% frente a 2021. “E, em 2023, estamos na expectativa de um crescimento de dois dígitos baixos nas vendas”, afirmou o executivo, que acumula a presidência do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP).
Em 25 anos de atuação no segmento, Luna disse ter aprendido, entre outras coisas, que é necessário respeitar o que o consumidor quer e não o que a empresa pensa que ele quer. “Eu tenho dois ouvidos e uma boca. Preciso, no mínimo, escutar mais que o dobro do que falo. Porque você produz o cliente”, disse o engenheiro, ao destacar em seguida o quanto uma estrutura financeira é fundamental no setor imobiliário. “Aprendi isso com o meu pai. Você tem que estar sempre preparado para passar por crises.” Alerta, ele afirmou ainda que confiança nos negócios é essencial, mas tem limite. “Você sempre precisa ter receio do que pode dar errado para se preparar e se proteger.”
A Plano&Plano parece atenta a tudo. A empresa foca os seus negócios em São Paulo, principalmente na Capital. E, segundo o executivo, tornou-se referência no segmento de baixa renda, com 26% do total de vendas em 2022 ligadas a programas habitacionais do governo federal, como o Casa Verde e Amarela (CVA), agora denominado novamente Minha Casa, Minha Vida (MCMV). “Queremos ampliar esse número este ano”, afirmou. Mas a média renda também integra o portfólio. Os projetos em geral incluem empreendimentos com unidades para famílias que ganham mensalmente de dois a 20 salários mínimos. E a aposta tem se mostrado acertada. “Temos apresentado crescimento robusto e ao mesmo tempo sólido e consistente”, afirmou Luna, ao destacar que nos últimos cinco anos a companhia registrou incremento médio de 30% por período.
Apesar dos juros altos (taxa Selic a 13,75% ao ano), o que afeta principalmente a obtenção de crédito e o valor dos financiamentos para a classe média, a Plano&Plano se diz pronta para responder às oscilações do mercado. O landbank atual de R$ 12 bilhões dá à companhia a condição de se adaptar ao que o mercado pede. “No ano passado, lançamos R$ 1,8 bilhão de VGV em empreendimentos [20 no total]. Este ano, vamos crescer novamente dois dígitos em lançamentos”, disse o paulistano, sem especificar quantas unidades novas serão disponibilizadas aos clientes. Em dezembro, a companhia tinha 50 canteiros em plena atividade, com 19,8 mil imóveis em construção. A previsão é entregar 10 mil unidades em 2023.
PODE ENTRAR O ano de 2023 começou com boas notícias para a Plano&Plano. A incorporadora foi selecionada pela prefeitura de São Paulo no primeiro chamamento do programa habitacional Pode Entrar, que vai comprar 38.870 moradias na cidade com o objetivo de tentar reduzir o déficit, atualmente de 370 mil domicílios. O programa é semelhante à faixa 1 do MCMV. Das 7,8 mil unidades que inscreveu, a construtora teve 7.039 aprovadas pelo executivo, com VGV estimado de R$ 1,3 bilhão. “Isso provou que a empresa está atenta e preparada para as oportunidades”, disse Luna. Após serem oficialmente contratadas, as incorporadoras terão 24 meses para entregar as obras.
Embora tenha se inscrito no programa, o engenheiro afirmou que o carro-chefe da Plano&Plano continuará a ser a incorporação tradicional, que “tem entregado resultados muito interessantes mesmo com situações de crise econômica, pandemia e inflação que enfrentamos nos últimos dois anos, com um aumento nos custos de quase 25%”. Um desafio a mais para a Plano&Plano, que de bloco em bloco tem construído o imóvel tão desejado por parte da população brasileira e, ao mesmo tempo, alicerça um futuro cada vez mais promissor no mercado da construção.
