Incorporadora do segmento econômico que tem se destacado por aumentar a produção nos últimos anos, a Plano&Plano vai ampliar a distribuição geográfica dos lançamentos e explorar mais o médio padrão.
A empresa teve um aumento de 17% nos lançamentos de 2021 para 2022 e tinha, até o fim do terceiro trimestre de 2023, acumulado 44% de novos projetos do que no mesmo período do ano anterior. Reneé Silveira, diretora de incorporação da Plano&Plano, afirma que o negócio prevê um crescimento de cerca de R$ 500 milhões adicionais em valor geral de venda (VGV) lançado ao ano, o que obriga a empresa a trabalhar nessas expansões de área e de padrão. Até o momento, a Plano constrói apenas dentro da cidade de São Paulo.
“Para continuar com esse crescimento, temos que fazer algumas ações ou começo a me canibalizar”, afirma a executiva.
A companhia previa fechar 2023 com 27% de lançamentos considerados de padrão médio, por estarem acima do limite de R$ 350 mil por valor de venda de unidade exigido pelo Minha Casa, Minha Vida (MCMV). Em 2022 não foi lançado nenhum empreendimento fora do programa.
Para 2024, a ideia é manter a porcentagem de imóveis de médio padrão perto de 30% ou até alcançar 40% - “depende da demanda e de questões macroeconômicas”, afirma Silveira.
Ela lembra que a empresa já fez outros padrões de construção no passado, então o movimento é uma “retomada”. A própria diretora conta que passou dez anos trabalhando para a Plano em Natal (RN), em obras de alto padrão em parceria com a Cyrela. Atualmente, a Cyrela tem participação na incorporadora, de 33,5%.
Competir com o alto padrão não está nos planos da empresa, afirma Silveira. O foco é a camada de consumidores logo acima do MCMV, para o qual há o limite de renda mensal familiar de R$ 8 mil. “Queremos buscar uma população que não tem os benefícios do MCMV nem renda para conseguir aguentar as taxas de juros muito altas”, afirma.
O reforço no médio padrão também vai acontecer fora de São Paulo. “Vamos em 2024 para a região metropolitana”, afirma a diretora, que confirma lançamento em Barueri.
Segundo Silveira, a expansão para fora da capital paulista demorou para acontecer porque os processos de aprovação nas prefeituras são mais longos e há diferenças sobre como se deve construir. “O grande desafio da região metropolitana está na questão da vaga, muitas prefeituras exigem uma vaga por apartamento, isso limita muito a elaboração do projeto”, diz. As diretrizes sobre os tamanhos dos quartos também são diferentes e variam. “Por isso demoramos mais pra atuar nesses mercados”.
O diferencial dos projetos de médio padrão para os do MCMV está no tipo de acabamento, nas fachadas e na área de lazer, mais equipada e localizada no último andar, e não no térreo.
Os projetos de médio padrão não devem fazer a empresa reduzir seus lançamentos no segmento econômico, destaca a diretora. A Plano começa o ano com 3,6 mil unidades contratadas pela prefeitura de São Paulo para o programa Pode Entrar, a um preço de R$ 566,4 milhões.
Ao todo, a prefeitura vai adquirir 45 mil unidades, das quais 11 mil já tiveram os contratos fechados, no dia 26 de dezembro.
A Plano tem outras 1,9 mil unidades aprovadas para entrar no programa, mas ainda não contratadas pela prefeitura.
O volume é grande, mas Silveira diz que a empresa já entregou 10 mil imóveis no último ano e consegue escalar sua produção.
Uma das estratégias é trabalhar na retenção dos funcionários, para que possam assumir mais funções assim que possível, e desenvolver mão de obra própria, para evitar problemas com empreiteiras terceirizadas, ainda mais em um ano que promete ser concorrido para o segmento de baixa renda em São Paulo, que tem o Pode Entrar somando demanda ao MCMV.