A prefeitura de São Paulo divulgou nesta quinta-feira (23) os empreendimentos selecionados no primeiro chamamento do programa habitacional Pode Entrar, que vai comprar 38.870 moradias na cidade.
Entre as incorporadoras de capital aberto, Plano&Plano, MRV, Direcional e Tenda inscreveram projetos. A Plano&Plano teve 7.039 unidades habitacionais selecionadas pela prefeitura, com estimativa de R$ 1,33 bilhão em valor geral de venda (VGV). É próximo do total que a companhia havia inscrito no programa, de 7.800 unidades.
A seleção dos projetos da companhia teve impacto positivo em suas ações ao longo do dia, que fecharam o dia com alta de 5,86%, cotadas a R$ 5,78.
O volume em VGV é próximo do total vendido pela Plano&Plano em 2022, de R$ 1,69 bilhão. A empresa vendeu 8.585 unidades no ano e lançou 8.728.
Entre as incorporadoras de capital aberto, a MRV foi a segunda a ter mais unidades escolhidas: 6.258, quase a totalidade do que inscreveu. A empresa deve receber R$ 1,13 bilhão pelos apartamentos. A recepção pelo mercado, no entanto, foi diferente. As ações da MRV caíram 6,8%, para R$ 6,99.
A Direcional teve 1.645 selecionadas, de cerca de 3.100 unidades, a um preço de R$ 341 milhões. As ações da companhia também caíram, em 3,76%, para R$ 15,35.
A decepção do dia, que transpareceu na resposta do mercado às ações, foi a Tenda. A incorporadora havia inscrito cerca de 7.500 unidades no Pode Entrar, mas só teve 871 selecionadas, com VGV de R$ 181 milhões.
No “Diário Oficial” do município, há explicações para parte dessa rejeição: havia projetos que não se enquadravam nas distâncias exigidas pelo programa.
As ações da Tenda despencaram 15,77%, para R$ 4,86. O índice imobiliário (Imob) também recuou, em 4,87%.
Mais 20 mil unidades
Há uma esperança para incorporadoras que, assim como a Tenda, não tiveram tantos projetos selecionados: o secretário de habitação da cidade, João Faria, afirmou, ontem, que a prefeitura vai contratar mais 20 mil unidades para o programa. O segundo chamamento deve ocorrer em até 20 dias.
Agora, as incorporadoras que tiveram projetos selecionados devem comprovar sua capacidade para realizá-los. A expectativa de Faria é assinar os contratos até o fim de abril e ter as unidades prontas até abril de 2025.
Em teleconferência com analistas para comentar os resultados do quarto trimestre, o diretor-financeiro da Plano&Plano, João Hopp, defendeu a capacidade de construção da empresa, para a quantidade de projetos inscritos no programa. “Temos, internamente, uma escola de engenharia, de formação de equipes, que começa com alunos do terceiro ano da faculdade até dois anos depois de formados, para assumir obras”, disse. “Estamos preparados para mais crescimento.”
As quase 39 mil unidades selecionadas vão custar R$ 6 bilhões para a prefeitura. Ao Valor, Faria afirmou que outros R$ 4 bilhões serão destinados às unidades do segundo chamamento.