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13/12/2024

População brasileira tem maior percentual vivendo de aluguel em 42 anos, diz IBGE (Valor Econômico)

IBGE apurou que 20,9% da população vivia em domicílio alugado, acima do observado em Censo anterior, referente a 2010, com 16,4%

Por Alessandra Saraiva

 

 

A parcela de população brasileira que mora de aluguel registrou a maior fatia em 42 anos, segundo a pesquisa “Censo Demográfico 2022: Características dos Domicílios - Resultados preliminares da amostra”, recorte amostral do Censo Demográfico publicado nesta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Na pesquisa, os pesquisadores do IBGE apuraram que 20,9% da população vivia em domicílio alugado, acima do observado em Censo anterior, referente a 2010 (16,4%). Foi também a maior fatia observada desde Censo de 1980, de acordo com série histórica sobre o tema, fornecida pelo instituto.

 

Em números absolutos, foram 42.167.279 de pessoas a declarar viver de aluguel, no Censo de 2022, 35% acima de 2010 (31.154.956) e 104,31% superior ao observado em 2000 (20.638.682).

Gráfico, Gráfico de barras

Descrição gerada automaticamente

Com isso, o número de residências alugadas disparou, no país, a atingir 16.111.359 em 2022, 56% acima de 2010 (10.326.941); e 158% superior a de 2000 (6.238.673).

Em contrapartida, a parcela da população brasileira com apartamento próprio de algum morador do domicílio caiu para 72,7% do total em 2022, menor do que a de 2010 (75,2%), e a mais baixa desde o Censo de 1991 (72,5%).

Os números do IBGE mostraram ainda que o patamar de moradores com residência própria também cresceu - mas a ritmo menor do que no caso das locações.

O número de residentes a viver em casa própria de algum morador do domicílio foi de 146.933.148 em 2022, altas de 3% ante 2010 (142.651.382); e de 13,57% ante 2000 (129.375.735). Com isso, o número de domicílios próprios ficou em 51.629.092 em 2022, aumentos de 22,5% ante 2010 (42.126.759) e de 53,77% em relação a 2000 (33.575.522).

Assim, 71,3% dos 72,5 milhões de domicílios particulares permanentes ocupados no Brasil eram próprios, informou o IBGE.

Um aspecto pesquisado pelos técnicos do instituto foi ainda a correlação entre arranjos domiciliares e domicílios próprios e alugados. Bruno Mandelli Perez, pesquisador do IBGE, observou que foi observada uma certa predisposição em domicílios com crianças a serem de locação, e não próprios.

No estudo, entre os domicílios unipessoais (ou seja, com apenas um morador) eram alugados 27,8% do total, em 2022. Já entre o domicílios com presença de uma pessoa de 15 anos ou mais, e ao menos uma criança de 0 a 14 anos, a fatia de residências alugadas foi de 35,8%, no mesmo ano.

Recorte por raça

Outro fator analisado por pesquisadores do instituto foi a correlação entre domicílios próprios, alugados e raça. No entendimento dos pesquisadores, a condição de ocupação variou pouco, a depender da raça.

No estudo, 63,3% da população branca do país residia em domicílio próprio de algum morador em 2022. No total da população preta, essa parcela foi de 62,7%; na amarela, 66,5%; entre os pardos, 63,9% e indígena, 80,8% do total residia em domicílio própro de algum morador.

O IBGE mapeou ainda a condição de ocupação por idade. Na prática, quanto mais idade o morador detinha, maior a probabilidade de residir em domicílio próprio de algum morador. Entre os de 70 anos ou mais, 84,4% viviam nessa condição, em 2022.

“A parcela dos que viviam em alugado atinge ‘pico’ entre 25 e 29 anos; e a fatia dos próprios em financiamento atinge pico entre 35 anos e 39 anos”, detalhou o pesquisador.

 

FONTE: VALOR ECONôMICO