O segmento econômico voltou aos holofotes do mercado imobiliário em julho do ano passado com a reformulação do Minha Casa Minha Vida (MCMV). Agora, com as mudanças começando a dar frutos, alguns dos principais nomes do setor estão ainda mais otimistas. “O mercado para baixa renda vinha sendo esvaziado e agora volta a ganhar força. Temos todos os elementos para ter um 2024 muito melhor que nos últimos anos”, afirmou Eduardo Fischer, CEO da MRV, maior incorporadora e construtora brasileira no segmento econômico.
Fischer falou em webinar da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), que reuniu representantes do mercado para debater os próximos passos do setor. Cálculos da Abrainc em parceria com a Brain apontaram que houve uma queda de 11,5% nos lançamentos em 2023, concentrada especialmente no primeiro semestre do ano. O ponto de virada veio em julho, com o anúncio da repaginação do programa de habitação econômica – um dos principais focos do governo Lula. A expectativa é que, este ano, o impacto seja sentido de forma mais abrangente.
A proposta aumentou o subsídio para aquisição dos imóveis e reduziu os juros para financiamento em famílias com renda mensal de até R$ 2 mil. Além disso, ampliou as faixas de renda e aumentou o valor máximo do imóvel que pode ser adquirido na faixa mais alta. Desde o dia 7 de julho, a Caixa passou a financiar imóveis de até R$ 350 mil. E não de R$ 264 mil, como era antes.
“O MCMV não é um plano de um governo específico. Porém, no governo atual, há um objetivo muito forte de diminuir o déficit habitacional para as classes menos favorecidas. A expectativa é de que o setor econômico tenha bons anos pela frente para navegar”, avaliou Antonio Setin, CEO da Setin Incorporadora.
Conhecida pelo alto padrão, a Setin embarcou na baixa renda há poucos anos com a marca Mundo Apto. O empresário reforça que o arrefecimento da inflação na frente de materiais também é um aspecto que pode impulsionar o setor. “Está tudo conspirando a favor para que o segmento econômico deslanche.”
Outro otimista com o setor este ano é Carlos Terepins, do Grupo Nortis, que atua na baixa renda com a marca Vibra. “Vejo como extremamente promissor. Há uma grande demanda no setor econômico”, disse. O empresário, no entanto, fez uma ressalva: é possível que a indústria enfrente um novo desafio pela frente, desta vez em relação à mão de obra.
“Há uma preocupação em caso de inflação de custos se houver um crescimento desmedido no volume de lançamentos e obras. A preocupação no econômico não será com demanda ou funding, mas sim na capacidade de execução, que será testada com rigor nos próximos anos.”