O minério de ferro voltou a cair nesta segunda-feira (20), acompanhando o viés negativo em todo o mundo — que partiu da Ásia. A pressão vendedora em todos os mercados tem como base o possível colapso do setor imobiliário chinês, com a incorporadora Evergrande Group alegando dificuldades para arcar com suas dívidas.
A empresa possui cerca de US$ 300 bilhões em compromissos, mais que qualquer empresa de capital aberto do setor no mundo. UBS, Ashmore e BlackRock são alguns dos credores da Evergrande. Com a dúvida sobre a solvência do setor imobiliário chinês, o minério de ferro foi penalizado.
De acordo com a Fastmarkets MB, o minério com teor de 62% de ferro encerrou o pregão em queda de 8,8% no porto de Qingdao, para US$ 92,98 por tonelada.
Essa é a primeira vez em mais de um ano que a commodity fecha abaixo de US$ 100 por tonelada — o menor preço desde 14 de maio de 2020.
Com o tombo, a cotação do minério de ferro agora acumula uma desvalorização de 42% no ano.
A fraca demanda por aço, uma vez que a construção civil é um dos grandes vetores de procura pelo produto, e o risco de calote por parte da Evergrande, pressionam as cotações e levam as empresas correlacionadas junto.
As ações da Vale (VALE3) abriram o pregão na B3 nesta segunda com uma baixa de 3,3%, a R$ 83,81. No acumulado de 2021, a mineradora cai quase 10%.
Razões para a queda do minério de ferro
As preocupações relacionadas à Evergrande, instauradas na pauta dos investidores desde a última semana, somente completaram o cenário nebuloso para o minério dos últimos meses.
Existem algumas razões para a derrocada do minério de ferro. Uma delas se refere à visão da China de que as commodities estão sofrendo uma “especulação excessiva”.
Em seu 14º plano quinquenal, para o período de 2021 a 2025, a China visa endereçar flutuações bruscas nos preços das commodities.
Segundo a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma (NDRC), o país reforçará o monitoramento e as análises sobre preços de petróleo, gás e soja.
Outro ponto de atenção é o objetivo da China em atingir as metas climáticas da agenda da Organização das Nações Unidas (ONU) antes de 2030. O país é o maior poluidor do mundo e se comprometeu a reduzir as emissões de gases de efeito estufa.
Em relatório recente, o UBS já havia mostrado que a tendência para o minério de ferro é baixista daqui para frente. A recomendação para as ações da Vale, inclusive, mudou para venda.