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27/09/2023

Poupança precisa ser revista para ter atratividade, diz presidente da Caixa (Valor Econômico)

Rita Serrano também defende novas regras para o compulsório, a parcela de quanto do saldo de poupança os bancos devem destinar ao financiamento habitacional, para que sejam liberados mais recursos ao segmento

Em evento da Associação Brasileira das Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), nesta terça-feira (26), a presidente da Caixa, Rita Serrano, afirmou que já listou ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, a necessidade de repensar a poupança, para que o produto volte a ser atrativo.

 

A poupança é o principal recurso para financiar habitação no país, fora do programa Minha Casa, Minha Vida, que utiliza o FGTS e recursos da União.

Serrano também defende novas regras para o compulsório, a parcela de quanto do saldo de poupança os bancos devem destinar ao financiamento habitacional, para que sejam liberados mais recursos ao segmento.

 

Ainda assim, o banco atingiu na última sexta-feira (22) a marca de R$ 700 bilhões de carteira de crédito imobiliário, afirmou. Segundo Serrano, serão entregues neste ano 670 mil residências financiadas pela Caixa e há 1 milhão de imóveis em construção;

Luiz França, presidente da Abrainc, afirmou não ser mais possível que o financiamento habitacional dependa da poupança, que teve saída líquida de R$ 80 bilhões em seu saldo até agosto.

 

Ele pediu por uma aceleração da queda da taxa Selic, porque só juros de um dígito, abaixo de 10% ao ano, permitiriam que a recuperação da economia não se torne um “voo de galinha”.

“A taxa de juros é perversa para o nosso setor, mesmo tendo caído um ponto percentual”, afirmou Rubens Menin, presidente do conselho da MRV, que ponderou que as dificuldades para o setor já foram piores no passado.

 

Ely Wertheim, presidente-executivo do Secovi-SP, disse não esperar ver ainda em vida o setor imobiliário não depender da poupança, apesar de outros tipos de funding estarem cada vez mais presentes. “Eles são mais caros, encarecem o financiamento”, ponderou.

Segundo Bruno Bianchi, diretor comercial do setor imobiliário do Itaú BBA, hoje 40% do funding para construção e compra de imóveis já vem de fontes alternativas à poupança e o FGTS.

 

Mansueto Almeida, economista-chefe do BTG Pactual, destacou o peso das taxas de juros de longo prazo para o setor, que influenciam a taxa do financiamento imobiliário mais do que a própria Selic, e que o Banco Central não teria como controlar. “Tivemos a má notícia de que os juros longos nos Estados Unidos estão no maior patamar em 17 anos, se ficar em nível tão alto quanto agora, pode trazer problemas para os nossos juros de longo prazo, o que afeta a construção civil”, alertou. 

FONTE: VALOR ECONôMICO