A caderneta de poupança perdeu mais recursos do que recebeu no mês passado. Os brasileiros sacaram R$ 4 bilhões a mais do que depositaram. Foi o pior desempenho da aplicação mais popular do país em meses de fevereiro desde 2016, de acordo com o Banco Central. Apesar de ter um rendimento baixo na comparação com os demais produtos do mercado financeiro, os dados mostram que o brasileiro ainda é conservador e acostumado a deixar recursos na poupança. No entanto, a procura por aplicações mais vantajosas como, por exemplo, o Tesouro Direto tem crescido.
Desde o início do ano, a poupança já perdeu R$ 15,3 bilhões: o maior volume para o primeiro bimestre em três anos. A aplicação tem perdido recursos justamente porque paga um retorno baixo. Por isso, alguns brasileiros migram para produtos mais vantajosos. Alguns bancos, por exemplo, já deixaram de cobrar taxas de administração dos clientes para que eles invistam em títulos do governo no Tesouro Direto, onde o risco é baixíssimo e os rendimentos são maiores.
Em 2016, a caderneta de poupança rendia cerca de 6% ao ano enquanto a taxa de juros (Selic) era de 14,25% ao ano. Agora, os juros básicos da economia estão na mínima histórica. Pelas regras, quando a Selic cai abaixo de 8,5% ao ano, a caderneta de poupança rende apenas 70% da taxa básica. Com isso, o rendimento anual é de cerca de 4,46% ao ano.
Já em alguns títulos do Tesouro Direto, por exemplo, os papéis prefixados da dívida pública brasileira, a remuneração anual chega a quase 9% ao ano como,. Segundo o Ministério da Economia, os brasileiros têm R$ 54,9 bilhões em aplicações no Tesouro Direto. Em um ano, esse volume cresceu 16,3%. No site, o governo mostra como aplicar e qual o melhor papel para as diferentes metas pessoais. O cidadão tem de escolher o título de acordo com o propósito e se pode deixar o dinheiro aplicado até o vencimento ou se há risco de ter de sacar antes do prazo.
No entanto, os dados mostram que o brasileiro ainda é conservador e não tem muita habilidade para guardar dinheiro da melhor forma. Mesmo com um rendimento muito mais baixo, as famílias ainda mantém R$ 787,9 bilhões na caderneta. O Banco Central não detalha o perfil do poupador. Já no Tesouro Direto, os homens são maioria: são responsáveis por 70% dos investimentos em títulos da dívida.
Os dados mostram ainda que a aplicação atrai os mais jovens que buscam rendimentos mais altos nos papéis do governo. Investidores de 26 a 35 anos detém 37,4% do total aplicado em títulos.
Ao todo, apenas 845 mil brasileiros têm recursos aplicados no Tesouro Direto, ou seja, somente 0,4% da população. No entanto, segundo o Banco Central, 32% das pessoas do país pouparam dinheiro nos últimos 12 meses. Muitos deles insistem em manter a aplicação na caderneta de poupança.