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07/09/2016

Poupança tem saldo negativo de R$ 48,2 bi

Não foi pior porque os rendimentos creditados mês a mês seguram um pouco o saldo total.

Em meio ao desemprego crescente e à redução da renda, as famílias brasileiras seguem utilizando recursos acumulados na poupança em anos anteriores para fechar as contas do mês. Dados do Banco Central mostraram que, em agosto, os saques na caderneta superaram os depósitos em R$ 4,47 bilhões. A última vez em que houve mais depósitos que saques foi em dezembro do ano passado, quando o saldo da poupança é, tradicionalmente, impulsionado pelo pagamento do 13.º salário.

Essa debandada da poupança, percebida a partir do início do ano passado, coincide com a recessão econômica e com a diminuição das vagas de emprego. De lá para cá, a atividade no País despencou e o estoque da poupança diminuiu R$ 21,6 bilhões, tingindo no fim de agosto R$ 641,1 bilhões. Não foi pior porque os rendimentos creditados mês a mês seguram um pouco o saldo total. 

O resultado mensal não representou o pior agosto da série histórica do Banco Central, iniciada em janeiro de 1995, já que no oitavo mês do ano passado os saques líquidos chegaram a R$ 7,5 bilhões. No entanto, agosto deu continuidade ao movimento de fuga da poupança. 

No acumulado deste ano, até agora, já saíram líquidos R$ 48,2 bilhões da caderneta. O auge foi em janeiro, mês de despesas maiores para as famílias com educação e IPTU, quando os saques superaram os depósitos em R$ 12 bilhões – um recorde histórico para um único mês. 

Além do saque das famílias, a poupança sofre com a concorrência de outros tipos de aplicação, mais atrativos no momento, em função dos juros elevados no Brasil. Pelas regras atuais, a caderneta é remunerada por uma taxa fixa de 0,5% ao mês mais a Taxa Referencial (TR). Na prática, muitas vezes a rentabilidade da poupança nem chega a compensar as perdas com a inflação. Isso vale para quando a Selic (a taxa básica de juros da economia) está acima dos 8,5% ao ano. Atualmente, ela está em 14,25% ao ano. 

Com a Selic em dois dígitos, várias  explicações de renda fixa estão mais rentáveis que no passado, superando a poupança. Por isso, quem tem recursos para aplicar muitas vezes prefere fugir da caderneta. 

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO