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12/02/2016

Prazo de empréstimos sobe dois anos puxado por imobiliário e consignado

O alongamento das dívidas, que passaram de 11 anos e três meses para 13 anos e nove meses, veio ancorado, principalmente, nas linhas consideradas mais seguras pelas instituições financeiras - financiamento imobiliário e empréstimo consignado (com desconto em folha) - e no crédito renegociado.

Pedro Garcia 

Em meio à crise econômica brasileira, o prazo médio dos empréstimos feitos por bancos e financeiras a consumidores aumentou em mais de dois anos entre janeiro de 2014 e dezembro do ano passado, de acordo com dados do Banco Central (BC).

O alongamento das dívidas, que passaram de 11 anos e três meses para 13 anos e nove meses, veio ancorado, principalmente, nas linhas consideradas mais seguras pelas instituições financeiras - financiamento imobiliário e empréstimo consignado (com desconto em folha) - e no crédito renegociado.

De acordo com o regulador, o prazo médio do consignado para servidores públicos saltou de cinco anos e seis meses para seis anos e três meses no período, enquanto o crédito imobiliário avançou de 26 anos para 28 anos e nove meses.

"O crédito consignado, no passado, ainda tinha risco de fraude. Hoje, com novos mecanismos de segurança, esse produto acaba sendo aquele com a menor inadimplência", afirmou Eduardo Tambellini, sócio-diretor da consultoria GoOn Risk.

Tambellini lembrou que, ao longo dos últimos dois anos, o governo tomou medidas que ampliou o prazo máximo do consignado para servidores e beneficiários do Instituto Nacional da Seguridade Social (INSS).

Já as dívidas renegociadas, que costumam ter prazos maiores, foram ainda mais alongadas, em quatro meses, para três anos. "Hoje em dia, já não basta fazer uma nova prestação na renegociação de dívidas. Muitas vezes, mesmo as novas prestações não estavam cabendo no bolso do consumidor, então a solução foi alongar os prazos", analisou.

Segundo Giuliano Contento de Oliveira, professor do Instituto de Economia da Unicamp, os prazos aumentaram, em linhas gerais, para contrabalancear a subida dos juros. "Se isso não acontecesse, as prestações se tornariam incompatíveis com a renda dos consumidores", afirmou.

A taxa média dos empréstimos com recursos livres (os juros são definidos pelos bancos) aos consumidores subiu 18 pontos percentuais entre janeiro de 2014 e dezembro de 2015, para 63,7% ao ano.

Empresas - Já o prazo das dívidas das empresas aumentou por conta dos recursos carimbados do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O prazo do crédito para capital de giro concedido pelo banco de fomento aumentou em um ano e quatro meses e dos financiamentos agroindustriais foi alongado em dois anos e quatro meses.

Com a queda das vendas e a consequente redução do faturamento, as companhias passaram a precisar de mais capital de giro, aponta Oliveira. "É uma política do banco [BNDES] fomentar as empresas. Hoje, por conta das dificuldades crescentes do governo, essa política não envolve mais tanto volume de crédito, e sim prazos", observou.

Os dados do BC mostram que o saldo de crédito para capital de giro do BNDES caiu 39,7%, para R$ 14 bilhões.

De acordo com o professor, as medidas do banco têm como objetivo, inclusive, evitar que as empresas entrem em regime de falência ou recuperação judicial.

 

FONTE: DCI - SãO PAULO/SP