O preço de vendas de imóveis em São Paulo caiu em média 0,5% neste ano, com o valor médio do metro quadrado chegando a R$ 5,965 mil, segundo levantamento do Imovelweb, portal do grupo argentino Navent que tem entre seus investidores os fundos americanos Tiger e Riverwood. Mateo Cuadras, executivo-chefe do site, considera que tal movimento pode sugerir que é hora de voltar às compras para quem gosta de alocar o patrimônio em ativos reais, embora reconheça o risco de os valores cederem ainda um pouco mais.
"Essa queda não considera a inflação, mas mesmo assim não é muito agressiva, considerando-se o momento macroeconômico que o Brasil vive", diz. A oferta nos principais bairros da capital paulista aumentou, o que resultou em pressão sobre os preços de aluguéis num momento em que o mercado pende a favor do locatário. "Mas se o investidor procura um ativo com horizonte de longo prazo, os imóveis seguem como um valor seguro", diz Cuadras, referindo-se não só ao retorno com aluguel, mas também à potencial valorização do capital investido. Vale lembrar que um imóvel vazio representa custos significativos para o proprietário, como condomínio e IPTU.
Em média, de acordo com o Imovelweb Index, em maio a rentabilidade anual com aluguel ficou em 5,2%. Entre os bairros paulistas, os destaques foram a Vila Uberabinha, que tem proporcionado um retorno médio anual de 7,4%, seguido pela Vila Olímpia (7,0%), bairro com perfil mais empresarial, e Paraíso (6,9%). O cálculo da rentabilidade considera o valor anual do aluguel sobre o preço de venda. O Imovelweb mapeia 50 bairros em São Paulo e nos próximos meses deve expandir o indicador para o Rio e outras capitais.
Havia uma dispersão grande de cenários, não saía negócio, mas agora o ambiente para o mercado imobiliário parece estar um pouco mais claro, diz Augusto Martins, sócio da área de Investimentos Imobiliários da Rio Bravo. "O comprador parece estar mais confiante, disposto a pagar um pouco mais e o vendedor reconheceu os problemas da economia e que todos os ativos perderam valor".
Para que o mercado de fato destrave, o processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff precisa ser concluído, dando espaço para que o BC volte a cortar a Selic, e o governo Temer possa endereçar as questões fiscais, diz André Freitas, diretor do Credit Suisse Hedging Griffo.
Reinaldo Lacerda, diretor da Votorantim Asset Management, cita o benefício fiscal e a liquidez das cotas dos fundos imobiliários como atrativos para o investidor que quer ter um pé no mercado imobiliário sem de fato ser dono do bem. "A grande vantagem dos fundos foi trazer o investimento imobiliário para a população em geral. A partir de R$ 10 mil, o investidor pode ter um pedaço de uma laje que vale R$ 20 milhões".