Imóveis próximos de pontos de lazer, como shoppings, são mais caros na cidade de São Paulo. Em alguns casos, os valores são até 65% superiores. O preço acompanha uma tendência de comportamento dos paulistanos, que têm dado preferência à localização das propriedades.
Segundo o coordenador de inteligência de mercado do Grupo Zap, portal de informações sobre o mercado imobiliário e de classificados, Coriolano Lacerda, a localização está sendo um diferencial na procura por imóveis. “As pessoas estão saindo de grandes propriedades para morarem no centro”, diz.
Essa mudança no comportamento dos cidadãos tem refletido nos preços de casas próximas de centros comerciais. Exemplo disso é que casas distantes em até 1km de shoppings podem ter um custo até 65% maior em comparação com a média da cidade. O dado é de um levantamento feito pelo Grupo Zap na última semana.
A pesquisa considerou as regiões ao entorno de alguns centros comerciais de São Paulo. A valorização mais expressiva foi para as propriedades próximas ao shopping Vila Olímpia, na zona Sul. Enquanto a média da Capital é de R$ 8.797 por m², a região registra R$ 14.565.
De acordo com a pesquisa do Grupo Zap, as casas ao entorno do Shopping Eldorado são 38% mais valorizadas, média de R$ 12.181/m². Nas proximidades dos shoppings Ibirapuera e Morumbi, chegam a custar 31% e 9% a mais, respectivamente.
O coordenador do Grupo Zap explica que essa valorização não tem tanto peso nas decisões de quem quer comprar ou alugar um imóvel. “As pessoas que buscam propriedades melhor localizadas já entenderam que os preços tendem a ser maiores.”
Locomoção - Embora a pesquisa tenha considerado somente os centros comerciais, Lacerda considera que a proximidade com as estações do Metrô ou com outros pontos estratégicos de locomoção na cidade também estão na lista de preferências dos paulistanos na hora de escolher um imóvel. “A localização faz parte dos itens que o imóvel oferece”, explica ele.
A administradora e imobiliária Lello também percebeu que os moradores da capital estão considerando mais a localidade na decisão de compra de uma residência. Principalmente, aquelas próximas do Metrô ou de linhas de ônibus. A empresa lançou, em dezembro, um buscador online que pesquisa propriedades com distância de até 1 km das estações. Ou seja, o interessado escolhe uma linha e a partir daí a plataforma mostra as residências ao entorno.
A ideia surgiu após a Lello fazer uma pesquisa que indicava que a maior parte das pessoas que acessavam sua plataforma buscava estar nas proximidades dos transportes públicos.
Segundo Lacerda, do Grupo Zap, outro fator que tem mudado para o mercado imobiliário é o tamanho das construções e dos lançamentos.
“O mercado está focando em imóveis de primeira moradia, mais compactos. Estão reduzindo as metragens tanto para agradar a demanda quanto para não ‘sangrarem’ com os altos custos.” Essas alterações, de acordo com ele, começaram a ser notadas a partir de 2014, quando a crise ainda não havia atingido tão fortemente o setor. Embora projete uma recuperação econômica, Lacerda considera que a tendência de imóveis menores deve continuar.