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23/06/2016

Preço de terreno cai e atrai construtoras

Muitas empresas veem agora o momento ideal para comprar terrenos.

A crise econômica trouxe uma oportunidade paras as construtoras focadas na classe C, com imóveis de até R$ 200 mil. Muitas empresas veem agora o momento ideal para comprar terrenos. A MRV Engenharia, por exemplo, vai aplicar R$ 250 milhões do seu caixa neste ano para equilibrar o seu estoque de terrenos no país.

O presidente da companhia, Rafael Menin, disse que os terrenos estão, em média, 10% mais baratos que há dois anos. "Isso cria uma oportunidade para a empresa. A companhia é agressiva na formação do banco de terrenos", diz o executivo.

A MRV, segundo Menin, tem atualmente em carteira R$ 36,3 bilhões em seu banco de terrenos (land bank), o que equivale a um potencial de construção de 237.946 unidades. Parte desse estoque foi criado entre 2014 e 2015 com investimentos de R$ 450 milhões.

"Fomos agressivos no interior do país. Agora o nosso foco são cidades com população acima de 500 mil habitantes. Temos que equilibrar o nosso estoque para quando o mercado voltar aos níveis de lançamentos de antes da crise", afirma Menin.

De acordo com dados da Embraesp, foram lançadas 40.177 unidades na região metropolitana de São Paulo no ano passado. Em 2010, o melhor ano em lançamentos, as construtoras ofereceram ao mercado 70.781. Apesar da queda, profissionais do setor observam um perda menor em relação a imóveis destinados a outras classes econômicas.

Reinaldo Fincatti, diretor da Embraesp, afirma que as empresas do segmento econômico têm capacidade de melhorar o seu banco de terrenos, já que os preços estão mais atrativos.

"É a vez do comprador. E quem tem dinheiro em caixa pode fazer bons negócios nesse período", diz Fincatti.

A Cyrella, que tem a Cury/Plano&Plano no segmento econômico, também vem apostando na melhora de seu banco de terrenos. A companhia tem em estoque cerca de R$ 50 bilhões para os próximos lançamentos da empresa, tanto no segmento econômico como no de média e alta renda. Esse land bank corresponde a 19 milhões de metros quadrados de área útil comercializável.

O CFO da Cyrella, Eric Alencar, afirma que a companhia vem investindo na melhora de seu banco de terrenos há mais de cinco anos. Segundo ele, a empresa usa mais a modalidade de permuta para a compra de terrenos para o segmento de baixa renda. Na permuta, a construtora entrega apartamentos, de acordo com o valor do imóvel, ao dono do terreno quando o prédio estiver pronto.

"Neste segmento, não podemos pagar muito pelo terreno, pois, não teremos margem na hora de vender o imóvel. O preço tem de ser justo", diz Alencar.

Neste ano, a Cyrella já comprou quatro terrenos para empreendimentos futuros, todos eles em permuta. "Dependendo do local, os terrenos estão mais baratos do que há alguns anos. A hora de investir é essa, quando há essa retração no mercado. Esses investimentos são feitos em todos os segmentos", conta o executivo.

A Tenda Engenharia, empresa do segmento de imóveis econômicos, também investe na melhora de seu banco de terrenos. De acordo com o CFO e diretor de relações com investidores, Felipe David Cohen, a empresa está aplicando mais em cidades onde precisa aumentar o número de lançamentos.

"Está de fato bom para comprar terreno. E estamos investindo no aumento de nosso estoque desde 2013", afirma o executivo.

A Tenda, que atua nas cidades de São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife e Salvador, fechou o primeiro trimestre deste ano com um estoque de R$ 4,7 bilhões em banco de terrenos, o que corresponde a um potencial de 33 mil unidades. Em 2014, esse valor era de R$ 3,9 bilhões.

Cohen não revela o volume de investimentos da companhia, mas, ressaltou que há maior poder de barganha na hora do pagamento.

"Conseguimos prazos mais longos do que dois anos atrás. Essa é a principal mudança do perfil na operação de compra de terreno", diz o executivo sem revelar em quanto tempo se paga um imóvel atualmente.

Ele acrescenta que em 80% das transações, a companhia usa recursos do caixa para fechar o negócio. Permuta, segundo ele, ainda é uma modalidade pouco utilizada na compra de terreno.

"Como somos uma empresa em expansão, temos que usar o caixa para comprar os terrenos. Não podemos perder negócio. A partir do momento que adquirirmos mais robustez, a permuta poderá ser uma realidade", explicou Cohen. 

FONTE: FOLHA DE S. PAULO