Por Rayane Rocha
O preço dos imóveis comerciais no Brasil permaneceu praticamente estável nos últimos 12 meses. Neste período, a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) teve alta de 11,73%.
Já a registrada pelo Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) chegou a 10,72%. Apesar disso, comprar um imóvel neste período ficou apenas 0,04% mais caro. Os números são de um levantamento do FipeZap, indicador que acompanha a evolução das vendas e locações no país.
O professor de Economia de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (EESP/FGV), Alberto Ajzental, enfatiza que, na prática, o avanço de 0,04% é quase nulo. “Nominalmente, não teve mudança. Em um ano, o crescimento nominal foi zero, não teve variação.
O número que era há um ano, continua o mesmo, zero”. De acordo com o especialista, a diferença é o valor real, uma vez que os valores não foram corrigidos conforme a inflação.
Essa variação abaixo do IPCA e do IGP-M pode ser explicada, por exemplo, pelos efeitos da pandemia de Covid-19 que ainda seguem refletindo nos negócios.
Ajzental destaca que o isolamento social contra o coronavírus fez com que as pessoas não fossem trabalhar nos escritórios e, portanto, trabalhassem de casa. “Isso diminuiu a demanda por espaço comercial e gerou uma vacância”, ressalta.
Além disso, o economista também chama a atenção paras condições do crédito imobiliário como um fator importante para esse resultado próximo da estabilidade. “Com o aumento da taxa de juros Selic, o financiamento para a compra do imóvel, no caso o imóvel comercial, ficou mais caro. Isso fez com que a demanda caísse”, afirma.
Dessa forma, como ficou mais caro para o cliente final, os proprietários dos imóveis e construtores não conseguiram repassar a inflação ou qualquer aumento para o preço do próprio bem, porque iria encarecer muito para o cliente”, conclui.
(Matéria publicada em 23/06/2022)