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06/01/2016

Preço do imóvel mantém trajetória de baixa e deve atingir patamar de 2011

O movimento de queda nos preços dos imóveis nas principais capitais brasileiras deve se acentuar este ano. A perspectiva é que o valor do metro quadrado atinja os mesmos patamares de 2011, com retomada prevista apenas para 2017, quando a economia deve voltar a reagir.

Paula Cristina

São Paulo - O movimento de queda nos preços dos imóveis nas principais capitais brasileiras deve se acentuar este ano. A perspectiva é que o valor do metro quadrado atinja os mesmos patamares de 2011, com retomada prevista apenas para 2017, quando a economia deve voltar a reagir.

De acordo com o Índice FipeZap, levantamento que acompanha os preços praticados na compra de imóveis, em 2015 o preço médio dos imóveis nas 20 principais cidades brasileiras subiu 1,32%. A alta, no entanto, ficou bem abaixo da inflação, calculada em 10,72% no mesmo período, o que caracteriza uma queda real de 8,48% nos preços praticados.

"Apesar de o crescimento nominal médio ter sido positivo, sete cidades apresentaram queda nominal [recuo mesmo sem descontar a inflação]", afirmou ao DCI o diretor da construtora Casa Sul e conselheiro da associação dos construtores do Mato Grosso do Sul, Haroldo Silva.

No balanço da FipeZap, as cidades do Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), Porto Alegre (RS), Curitiba (PR), Niterói (RJ) e Contagem (MG) tiveram desempenho nominal negativo, o que comprova o ano desafiador que o mercado encarou ano passado.

Com relação aos preços, a cidade do Rio de Janeiro segue com o metro quadrado mais alto do Brasil, somando R$ 10,4 mil. Na média das 20 cidades pesquisadas, o valor soma R$ 7,6 mil.

Aposta em médio prazo

O indicativo de queda nos preços neste ano parece, no entanto, não ter desanimado construtoras como a You.Inc e a Tajab. Com uma política de preços agressivos, as construtoras projetam eliminar estoques e vender bem neste ano.

Em 2015, a You.Inc lançou quase R$ 600 milhões, ante aos R$ 400 milhões aplicados em 2014. "A empresa não está pessimista em relação a 2016, pois possui um estoque reduzido e tem novos produtos a serem lançados", disse a companhia em comunicado.

O plano para este ano é colocar no mercado entre R$ 700 milhões e R$ 800 milhões em projetos, 15% a 20% mais do que em 2015. De acordo com a incorporadora, a demanda existente em São Paulo por imóveis com o perfil desenvolvido pela You,Inc - produto compacto de um, dois e três dormitórios, com metragem média entre 44 metros quadrados e 67 m², e preço entre R$ 400 mil e R$ 600 mil - é maior do que o mercado consegue abastecer, o que abre oportunidades de negócio.

Já a Tarjab continuará investindo em produtos mais diversificados e que atendam as normas de desempenho. A empresa irá lançar 2016 um empreendimento na cidade de Campinas e um hotel na região central da capital, além do primeiro empreendimento no Estado de São Paulo que atende integralmente a todos os critérios da nova Norma de Desempenho de Edificações, no bairro Vila Mariana.

Preparação para retomada

Para o consultor imobiliário e professor de macroeconomia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Carlos Lemos Santanna, apesar do ano desafiador, as construtoras precisam pensar no médio prazo, e se preparar para a retomada dos preços, que está projetada para 2017. "Este ano o preço segue em queda, e vai atingir o mesmo patamar de 2011, mas a retração nos valores não se perdurará por mais que 15 meses. É preciso lançar para estar com oferta quando o mercado voltar a ativa."

O analista pontua ainda que o envolvimento das grandes construtoras com a Operação Lava Jato abre oportunidade para empresas de porte médio que, se estiverem preparadas, podem ganhar mercado e expressão a partir de 2017.

FONTE: DCI - SãO PAULO/SP