Por Matheus dos Santos
O preço médio das casas vendidas no bairro Jardim Europa, em São Paulo, foi de R$ 7,8 milhões entre janeiro e julho deste ano, aponta levantamento da plataforma de imóveis Loft, feito a partir de dados do ITBI (Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis).
No Rio de Janeiro (RJ), segundo a Loft, o bairro mais valorizado é o Leblon, onde o preço médio dos imóveis vendidos foi de R$ 2,5 mihões no mesmo período. Já em Belo Horizonte (MG), o mais valorizado é o Belvedere, com preço médio de R$ 2,2 milhões, apontam os dados registrados via ITBI.
Segundo Fábio Takahashi, gerente de dados da Loft, essas regiões têm em comum imóveis maiores e proximidade de centros financeiros. "No Jardim Europa, por exemplo, há proximidade da [avenida Brigadeiro] Faria Lima, grande polo financeiro", afirma.
O estudo também identificou os bairros que tiveram o maior número de imóveis vendidos entre janeiro e julho de 2024 nas três capitais.
Em São Paulo, a Vila Andrade liderou, com 1.006 imóveis comercializados. O valor médio dos imóveis na região foi de R$ 756,2 mil.
Já em Belo Horizonte, o bairro com mais transações foi Buritis, com 464 unidades vendidas e ticket médio de R$ 682,5 mil. A Barra da Tijuca ocupou o topo do levantamento feito no Rio de Janeiro, com 3.075 imóveis vendidos entre janeiro e julho. O valor médio apurado foi de de R$ 1,7 milhão.
O levantamento "O comportamento de consumo do comprador de imóveis brasileiros", feita pela Brain em parceria com a Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias), aponta que a classe A prioriza a localização. Um total de 71% dos entrevistados mais ricos destacou que pagariam um valor acima da média de mercado por um imóvel bem localizado. Nas classes B e C, segurança é o item mais apontado no estudo (66% e 63%, respectivamente).
Financiamento bancário é menor na classe A, que utiliza imóveis como investimentos
Segundo a Loft, caso o financiamento fosse a modalidade usada para adquirir o imóvel no Jardim Europa, por exemplo, seria necessário ter uma renda mensal de R$ 240,4 mil e a parcela inicial seria de R$ 67,4 mil. O cálculo considera o valor médio dos imóveis para um financiamento com entrada de 20% e pagamento em 35 anos (420 parcelas).
O financiamento não costuma, porém, ser a modalidade adotada para imóveis de luxo, segundo especialistas. O formato mais usado é o pagamento à vista ou parcelado direto com proprietário ou construtora (67%), aponta o levantamento "Perfil de compradores por tipo de aquisição de imóvel" da Brain.
Segundo o estudo, pessoas da classe A, com renda acima de R$ 16 mil, são as que menos utilizam financiamento bancário para comprar imóveis. Apenas 25% dos entrevistados disseram optar pela forma de aquisição, ante 50% na classe C e 39% na B.
Além disso, 33% do grupo mais rico afirmou ver o bem como um investimento para alugar ou revender, enquanto os entrevistados da classe C disseram comprar o imóvel exclusivamente para usar como moradia própria ou familiar (100%). O levantamento é resultado de 1.050 questionários aplicados entre abril e maio deste ano.
Para Alberto Ajzental, coordenador do curso de Negócios Imobiliários da FGV (Fundação Getulio Vargas), imóveis de alto padrão são destinados a um público específico, que não depende de salário e de financiamentos longos. "Quem compra são pessoas que têm bens e rendas diversas. Esse público não se aplica a um financiamento de 25, 30 ou 35 anos", diz.
Segundo ele, famílias com renda de até R$ 15 mil precisam equilibrar as contas para lidar com um financiamento e gastos com educação, alimentação, vestuário, lazer, entre outros.
"Uma família com renda de R$ 10 mil que gasta R$ 2.000 ou R$ 3.000 com uma parcela é bem diferente de uma que ganha R$ 100 mil, gasta R$ 20 mil com financiamento e vive com R$ 80 mil. Quanto mais rica uma família, menos ela, proporcionalmente, irá gastar com o básico. Chega uma hora que não tem com o que gastar, começa a poupar e investir", afirma.
Bairros mais valorizados em SP, RJ e BH
Bairro |
Valor médio |
Renda mínima para obter financiamento |
Parcela inicial |
Jardim Europa |
R$ 7,8 milhões |
R$ 240,4 mil |
R$ 67,4 mil |
Jardim Paulistano |
R$ 5,9 milhões |
R$ 181,4 mil |
R$ 50,9 mil |
Vila Nova Conceição |
R$ 5,8 milhões |
R$ 178,4 mil |
R$ 50 mil |
Itaim Bibi |
R$ 2,9 milhões |
R$ 87,5 mil |
R$ 24,5 mil |
Jardim América |
R$ 2,7 milhões |
R$ 82,5 mil |
R$ 23,1 mil |
Alto de Pinheiros |
R$ 2,6 milhões |
R$ 79,7 mil |
R$ 22,3 mil |
Morumbi |
R$ 2,1 milhões |
R$ 65,9 mil |
R$ 18,5 mil |
Moema |
R$ 2,1 milhões |
R$ 64,6 mil |
R$18,1 mil |
Paraíso |
R$ 1,9 milhão |
R$ 59,7 mil |
R$ 16,7 mil |
Vila Madalena |
R$ 1,4 milhão |
R$ 43,6 mil |
R$ 12,2 mil |
Fonte: Loft
Os dados consideram a renda mínima necessária para um financiamento em 35 anos, com entrada de 20%.
Bairros com o maior número de vendas em SP, RJ e BH
Bairro |
Imóveis vendidos |
Ticket médio |
Renda mínima para obter financiamento |
Parcela inicial |
Vila Andrade (SP) |
1.006 |
R$ 756,2 mil |
R$ 23,3 mil |
R$ 6,5 mil |
Barra da Tijuca (RJ) |
3.075 |
R$ 1,7 milhão |
R$ 51,6 mil |
R$ 14,4 mil |
Buritis (BH) |
464 |
R$ 682,5 mil |
R$ 21 mil |
R$ 5,9 mil |
(Matéria publicada em 01/11/2024)