Os preços de venda de imóveis em toda a região metropolitana de São Paulo tendem a aumentar em 2019. O cenário demonstra que o mercado de construção está voltando a se aquecer, prevendo uma recuperação gradual dos resultados perdidos nos anos de recessão, entre 2015 e 2016.
A análise é do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi SP). Segundo a entidade, na cidade de São Paulo, os lançamentos em 2019 devem se manter em números próximos do que foi percebido em 2018, de 32,8 mil unidades.
O valor registrado em 2018 e a projeção deste ano foram bem recebidos pelo setor, visto que a média de lançamentos gira em torno de 30 mil unidades desde 2004. Já o Valor Geral de Vendas (VGV) neste ano deve aumentar até 10% em relação a 2018, que fechou em R$ 14,4 bilhões. As outras cidades da região metropolitana de São Paulo, como Santo André e São Bernardo, também apresentam tendências de aumento no preço dos imóveis.
Segundo o presidente do sindicato, Basilio Chedid Jafet, os reajustes esperados são ainda mais altos do que os valores da capital. O mercado de construção nas cidades da região metropolitana de São Paulo deu “uma afrouxada” nos últimos anos, segundo ele.
“Muitas cidades não modernizaram sua infraestrutura e seu jeito de construir. Além disso, muitas delas fazem exigências que dificultam ou impossibilitam a construção de prédios do Minha Casa Minha Vida, projeto que ajudou a manter as vendas durante os anos de crise”, diz.
Na cidade de São Paulo, os apartamentos de até 45 metros quadrados, que abrangem os imóveis do Minha Casa Minha Vida, representaram 62% dos lançamentos em 2018.
Recuperação - Jafet diz que, após os anos de recessão em 2015 e 2016, o mercado começou a reacender em 2017, o que alavancou os resultados até maio de 2018, quando houve a greve dos caminhoneiros. Mesmo com os altos e baixos nos lançamentos e vendas do ano passado, o encerramento foi positivo. “Esperávamos um ano medíocre que, no fim, se tornou razoável e puxou as vendas em janeiro de 2019”, diz.
Segundo o vice-presidente de incorporação e terrenos urbanos do Secovi SP, Emílio Kallas, as incorporadoras estão trabalhando com uma baixa margem de lucro e, muitas vezes, sem considerar as atualizações de preços de terrenos para enfrentar a crise. Situação que deve começar a mudar em 2019, explica ele.
Kallas diz que a melhora do setor em 2019 ainda depende de algumas questões. A primeira delas é a aprovação da reforma da Previdência, que vai atrair mais investidores para o segmento, explica. As outras envolvem a flexibilização do Plano Diretor e do zoneamento da cidade junto a prefeitura. “Esperamos que até março isso se resolva”, diz.
Caso a flexibilização não seja aprovada pela prefeitura, as incorporadoras não terão terrenos o suficiente para a demanda de São Paulo, explica Jafet. “Os espaços vazios próximos da região central da cidade e de bairros mais valorizados têm muitas exigências para iniciar uma construção. A obrigatoriedade de recuos é uma delas, o local que realmente pode receber uma edificação é muito pequeno”, diz.
Segundo a entidade, o Plano Diretor implementado durante a gestão de Fernando Haddad (PT) não corresponde as necessidades de moradia da cidade.