Por Ana Luiza Tieghi
A incorporadora Tenda reportou no primeiro trimestre um prejuízo líquido de R$ 41,9 milhões, desempenho 37,8% inferior ao prejuízo registrado no mesmo período do ano passado. Ao comentar os resultados, Luiz Mauricio Garcia, diretor-financeiro da companhia, afirma que a incorporadora caminha para atingir o breakeven (equilíbrio entre despesas e receitas) ao longo do segundo semestre deste ano.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) atingiu R$ 32,8 milhões no trimestre, alta anual de 396,6%. O Ebitda ajustado ficou em R$ 49,6 milhões, aumento de 956,3%.
A receita líquida da Tenda subiu 12% em um ano, para R$ 651,4 milhões.
A incorporadora registrou margem bruta de 20,4% no primeiro trimestre, alta de 2,3 pontos percentuais sobre o início de 2022. A margem bruta ajustada ficou em 22,7%, crescimento de 2,1 pontos percentuais.
Para Garcia, o aumento da margem bruta é o destaque da empresa no trimestre. Segundo ele, a recuperação da margem da empresa começou a ser feita principalmente por aumento de preço das unidades, elevado em 25% desde o final de 2021. Agora, a companhia passa para uma segunda fase desse processo, na qual a melhora da margem está atrelada à busca por maior eficiência interna. Os aumentos de preço devem ser menos intensos, de acordo com o executivo.
A Tenda foi impactada durante a pandemia com o aumento de custo dos materiais de construção e atrasos no fornecimento, que provocou estouro em seu orçamento, e, desde então, corre para retomar a rentabilidade.
A alavancagem da empresa, medida pela dívida líquida corporativa sobre patrimônio líquido, fechou o primeiro trimestre em 67%, ante 32% no mesmo período de 2022. A Tenda tem um limite de 85% para o indicador, estabelecido pelos “covenants” (obrigações contratuais de dívida).
A revisão do programa habitacional da prefeitura de São Paulo, Pode Entrar, beneficiou a companhia. Inicialmente, a Tenda havia conseguido a inclusão de apenas 870 unidades no programa, com valor geral de venda (VGV) de R$ 180 milhões. Agora, elevou esse total para 2.855 unidades, a um preço de R$ 577,1 milhões. “Acelera a retomada da agenda de crescimento da companhia, é positivo”, afirma Garcia.
No balanço do primeiro trimestre, a Tenda incluiu guidance para margem bruta ajustada e vendas líquidas neste ano. A empresa projeta margem entre 24% e 26% e vendas entre R$ 2,7 bilhões e R$ 3 bilhões.
Para chegar ao mínimo do guidance de vendas, a companhia precisa aumentar em 14% o valor comercializado. Segundo Garcia, a incorporadora deve acelerar essas vendas no segundo semestre.
A Tenda terminou o primeiro trimestre com aumento de 2% nas vendas líquidas, de R$ 611,1 milhões. Os lançamentos cresceram 5,1% ante o início de 2022, somando R$ 490,9 milhões em VGV.
(Matéria publicada em 03/05/2023)