Fábio Pupo, Eduardo Campos, Bruno Peres e Andréa Jubé
Brasília - O novo presidente da Caixa Econômica Federal, Gilberto Occhi, afirmou nesta quarta-feira que a poupança vem sofrendo perdas significativas e, por isso, o banco deve “encontrar outras fontes de recurso”. O instrumento tem papel central no financiamento imobiliário no Brasil, que tem na Caixa seu principal agente.
“Na poupança, temos tido perda significativa e temos que encontrar outras fontes de recurso. Vamos estudar isso com a equipe econômica”, disse Occhi, após participar de cerimônia no Palácio do Planalto promovida pelo presidente interino Michel Temer. A poupança vem sendo alvo de saques principalmente por causa do baixo rendimento na comparação com outras aplicações.
No entanto, Occhi disse esperar uma redução da taxa de juros básica da economia ainda neste ano, o que contribuirá para amenizar o problema porque será possível “trabalhar com uma retomada de recursos da própria poupança”.
“Estamos trabalhando. A informação que eu tenho é que a Caixa obteve um novo aporte de recursos para atuar no mercado, não naquele patamar do fundo de garantia até dez salários mínimos, mas num nível um pouco maior — o que chamamos de pró-cotista, que pode financiar operações de até R$ 150 mil com recursos do FGTS também”, afirmou Occhi. “Tivemos esse aporte. A expectativa é investir R$ 91 bilhões e trabalhar outras fontes de recursos, como a securitização para gerar nova forma de obter recursos.”
Capitalização - O novo presidente da Caixa disse não ver necessidade de o governo fazer uma capitalização do banco neste ano. Segundo ele, o objetivo é o contrário — que a instituição contribua com o Tesouro Nacional a partir de seus próprios resultados. A discussão sobre a necessidade de capitalização da Caixa, entretanto, será feita pela equipe econômica.
“Com certeza, neste ano a Caixa não precisará de capitalização. Estamos trabalhando em alternativas para que não precise haver capitalização”, disse Occhi. Segundo ele, porém, o tema da necessidade de recursos vai ser debatido com o governo.
Occhi admitiu que há necessidade de “maior recurso”. “A necessidade de funding para um determinado patamar de financiamento é necessária para a Caixa e todos os bancos. Por ela deter 67% do mercado imobiliário brasileiro, precisa ter maior recurso. Mas estamos tendo novo recurso para o fundo de garantia, que fez novo aporte e com isso vamos retomando os investimentos. Nossa expectativa é investir R$ 91 bilhões em habitação.”
De acordo com o executivo, a abertura de capital da área de seguros é uma das formas com que a Caixa pode atingir esse objetivo, mas as discussões anda serão feitas com a equipe econômica, sob o comando do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.
“Vamos discutir não só a questão da abertura de capital da Caixa Seguridade, mas outras ações importantes para o governo e para a Caixa”, afirmou. Segundo ele, o banco possui uma estrutura “competitiva” e “forte” mas, como toda empresa, deve buscar melhorar a eficiência.
Outros caminhos são operações com a Loteria Instantânea (o governo estuda uma espécie de concessão à iniciativa privada) e com a área de cartões de crédito — segundo ele, algo “mais remoto neste momento”. Segundo Occhi, ainda há uma outra ação que não foi comentada “estrategicamente” e que será discutida com a equipe econômica. “Há um dever de casa a ser feito para ajuste e melhoria de resultados”, afirmou.
Minha Casa - O novo presidente da Caixa reforçou a orientação dada por Temer para que a nova equipe não fique “olhando para trás, buscando falhas”, mas faça correções quando necessário. Occhi citou o programa habitacional “Minha Casa, Minha Vida”, em permanente fiscalização, e afirmou que a construção de unidades paralisadas será retomada.
Ainda de acordo com ele, o trabalho do novo comando do banco será no sentido de investir mais no setor produtivo.
Em relação à inadimplência registrada no banco, Occhi afirmou que se trata de uma realidade de mercado, sobretudo diante da situação de desemprego registrada no país. No entanto, disse, é preciso estar aberto a renegociações e análises, com a perspectiva de retomada da economia a partir do novo governo.