Três das incorporadoras que divulgaram suas prévias operacionais ontem registraram vendas maiores do que no mesmo período do ano passado. A MRV&CO vendeu R$ 1,74 bilhão no primeiro trimestre, resultado recorde e 7,6% superior aos três primeiros meses de 2021.
Desse total, 24% veio da comercialização de empreendimento da AHS, subsidiária americana, que lançou um novo empreendimento, com valor geral de vendas (VGV) de R$ 684 milhões.
Segundo Rafael Menin, copresidente da MRV&CO, a atuação nos EUA deve ultrapassar 50% das vendas do grupo no futuro, com resultados superiores ao estimado pela holding e maior margem de lucro.
Cenário distinto vive a área de habitação econômica da empresa, que atende ao programa Casa Verde e Amarela (CVA). “Tem descasamento entre regras do programa e a capacidade de compra da população de baixa renda”, diz Menin.
Ele afirma que as outras iniciativas da holding - a AHS, sua similar nacional Luggo, a loteadora Urba e a Sensia, de médio padrão, serão as propulsoras de crescimento daqui para a frente.
A participação das unidades do programa habitacional nos lançamentos está caindo e, no primeiro trimestre, foi de 47,2%.
A MRV&CO lançou R$ 1,73 bilhão no período, alta de 1,4% ante os três primeiros meses de 2021.
A estratégia de estocar mais insumos para enfrentar a inflação ainda afeta o caixa, que caiu 117,2% entre primeiros trimestres, mas Menin analisa que as condições econômicas devem melhorar nos próximos meses.
O aumento do preço das unidades é outra saída para recuperar lucratividade frente à inflação. No segmento econômico, os preços subiram 4,7% sobre o primeiro trimestre de 2021, mas altas mais agressivas são previstas.
Por sua diversificação, o copresidente defende que a MRV&CO é “um bicho muito diferente” e não deveria ser analisada pelo mercado no mesmo bojo de empresas focadas no programa habitacional.
É a mesma posição de Ian Andrade, CEO da Gafisa Capital, que diz ser preciso “separar o joio do trigo” no setor imobiliário. A Gafisa teve vendas líquidas de R$ 233,5 milhões no trimestre, alta de 81% sobre o primeiro trimestre de 2021 e de 19% ante o quarto.
Segundo Andrade, o fato da empresa ter conseguido ampliar as vendas sobre o trimestre anterior, mais favorável para a comercialização de imóveis do que o início do ano, é sinal de que a estratégia da Gafisa de se concentrar no alto padrão dá resultado.
No trimestre, a companhia lançou apenas um empreendimento, no Rio, com VGV de R$ 54,9 milhões, 20% vendido. Três projetos que estavam em pré-lançamento, em São Paulo, devem ser lançados até o fim do mês, com VGV de R$ 382 milhões.
A Gafisa também entregou cinco obras paralisadas antes de 2019, e Andrade afirma que faltam apenas três entregas para zerar as pendências com os clientes.
Outra incorporadora que divulgou prévias nesta segunda foi a RNI, que atua no segmento econômico no interior do país. A companhia lançou dois R$ 207 milhões, queda anual de 6%. Foram dois empreendimentos, em Piracicaba (SP) e Blumenau (SC).
Já as vendas líquidas (R$ 171 milhões) cresceram 9% no trimestre, ante o mesmo período de 2021. “O primeiro trimestre andou quase de lado”, diz Carlos Bianconi, presidente da RNI. O preço médio dos lançamentos foi de R$ 190 mil, ante R$ 165 mil no início de 2021.
Para Bianconi, a alta nos preços foi possível pela resiliência do agronegócio, motor econômico das regiões em que atua. O presidente destaca como favorável no trimestre a estratégia de atuar também fora do programa habitacional. “A proporção do produto desenquadrado subiu em 10%.”
Matéria publicada e, 19/04/2022