Brasília
O Banco Central abriu o sistema do Drex para novos interessados em testar as funcionalidades da moeda digital brasileira. Dezesseis instituições, entre bancos e empresas de cibersegurança, atuam em conjunto com o regulador para avaliar o uso de tokens em transações que, em suma, permitirão a descentralização do crédito —hoje nas mãos de bancos.
A expectativa é que mais de 50 interessados se habilitem para uma nova rodada. As inscrições já estão abertas. A ideia no momento é que mais instituições ingressem na plataforma, que já está funcionando.
O governo federal, por exemplo, cogita realizar o pagamento de benefícios sociais via Caixa Econômica pelo Drex. Bancos e empresas de bitcoin querem tokenizar ativos do agronegócio —tradução: converter uma fazenda, um rebanho, ou até a receita de uma empresa para que funcionem como um investimento com data de validade e juros pré-definidos, como se fossem um CDB (Certificado de Depósito Bancário) ou qualquer outro título de dívida privado.
Antes resistentes à ideia, grandes bancos também ingressaram no jogo diante da pressão do BC, que decidiu acelerar o processo, temendo que esse mercado fosse parar nas mãos de corretoras de criptoativos —que hoje escapam da regulação.
Atualmente, ABC e Inter testam o uso do Drex na cessão de recebíveis. Banco do Brasil, Bradesco e Itaú se interessam pelo crédito colateralizado (forma de impedir problemas como os que resultaram na fraude da Americanas). XP, Visa e Nubank miram as operações de câmbio.
As operações do agronegócio estão no centro das atenções de TecBan, Mercado Bitcoin e XP-Visa. A Bolsa (B3), os bancos BV e Santander concentram-se nos financiamentos de automóveis; BB, Caixa e SFCoop, no crédito imobiliário.
"Não tenho a menor dúvida de que o Drex vai abrir ainda mais o mercado de crédito", diz Marco Zanini, CEO da Dinamo Networks, empresa de criptografia que participa do piloto do Drex.
"Quem tem um carro, por exemplo, poderá dividir o valor dele em partes e convertê-las em tokens que poderão ser negociados em marketplaces, oferecendo pagar juros para quem adquiri-los."
Zanini considera, no entanto, que para chegar a esse nível será preciso regulamentar o mercado e estimular ainda a criação de empresas que farão a custódia desses tokens, como ocorre com a B3.
Com Diego Felix