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05/11/2024

Primo do Pix, Drex abre mercado de crédito para donos de bens

De fazendas a carros, passando por títulos do mercado, BC amplia testes de novas funcionalidades da moeda digital  

Brasília

O Banco Central abriu o sistema do Drex para novos interessados em testar as funcionalidades da moeda digital brasileira. Dezesseis instituições, entre bancos e empresas de cibersegurança, atuam em conjunto com o regulador para avaliar o uso de tokens em transações que, em suma, permitirão a descentralização do crédito —hoje nas mãos de bancos. 

A expectativa é que mais de 50 interessados se habilitem para uma nova rodada. As inscrições já estão abertas. A ideia no momento é que mais instituições ingressem na plataforma, que já está funcionando. 

O governo federal, por exemplo, cogita realizar o pagamento de benefícios sociais via Caixa Econômica pelo Drex. Bancos e empresas de bitcoin querem tokenizar ativos do agronegócio —tradução: converter uma fazenda, um rebanho, ou até a receita de uma empresa para que funcionem como um investimento com data de validade e juros pré-definidos, como se fossem um CDB (Certificado de Depósito Bancário) ou qualquer outro título de dívida privado. 

Antes resistentes à ideia, grandes bancos também ingressaram no jogo diante da pressão do BC, que decidiu acelerar o processo, temendo que esse mercado fosse parar nas mãos de corretoras de criptoativos —que hoje escapam da regulação. 

Atualmente, ABC e Inter testam o uso do Drex na cessão de recebíveis. Banco do Brasil, Bradesco e Itaú se interessam pelo crédito colateralizado (forma de impedir problemas como os que resultaram na fraude da Americanas). XP, Visa e Nubank miram as operações de câmbio. 

As operações do agronegócio estão no centro das atenções de TecBan, Mercado Bitcoin e XP-Visa. A Bolsa (B3), os bancos BV e Santander concentram-se nos financiamentos de automóveis; BB, Caixa e SFCoop, no crédito imobiliário. 

"Não tenho a menor dúvida de que o Drex vai abrir ainda mais o mercado de crédito", diz Marco Zanini, CEO da Dinamo Networks, empresa de criptografia que participa do piloto do Drex. 

"Quem tem um carro, por exemplo, poderá dividir o valor dele em partes e convertê-las em tokens que poderão ser negociados em marketplaces, oferecendo pagar juros para quem adquiri-los." 

Zanini considera, no entanto, que para chegar a esse nível será preciso regulamentar o mercado e estimular ainda a criação de empresas que farão a custódia desses tokens, como ocorre com a B3.

Com Diego Felix  

FONTE: FOLHA DE S.PAULO