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28/03/2022

Procura por compra e aluguel de imóveis para morar cresce no Centro

Um Centro para trabalhar e também para morar. Será possível vislumbrar uma ocupação híbrida, residencial e comercial, da região central do Rio, como era há três séculos?

Um Centro para trabalhar e também para morar. Será possível vislumbrar uma ocupação híbrida, residencial e comercial, da região central do Rio, como era há três séculos? Para imobiliárias, sites e plataformas de compra e aluguel de moradias, esse é o caminho que se desenha no momento. A Loft, startup de compra e venda de imóveis por meio digital, viu o número de transações na área central do Rio dobrar em apenas um mês. Há dois anos no mercado, a empresa detectou a tendência na área que inclui os seguintes bairros: Centro, Catumbi, Cidade Nova, Estácio, Gamboa, Praça da Bandeira, Rio Comprido, Santa Teresa, Santo Cristo, São Cristóvão e Saúde.

 

Vice-presidente e gerente geral de marketplace da Loft, Maria Oldham conta que cerca de 40% dos clientes que visitaram imóveis à venda no Centro fecharam negócio.

 Para nós, foi uma aposta certeira, já que a região central vem demonstrando bastante liquidez. Além de ser emblemática e histórica, a área é representativa no mercado imobiliário do Rio, com uma fatia de 5,5% de todas as transações de compra e venda da cidade. O Centro, sozinho, representa 2,4% das vendas realizadas em 2021 — diz Oldham, explicando que existem outros fatores em jogo, como preços competitivos e facilidade de acesso a transporte para outros bairros.

 

Entre os mais buscados

 

Os aluguéis no Centro também estão em alta. Pela primeira vez, o bairro entrou na lista dos dez mais buscados por quem procura um imóvel no Rio, segundo levantamento feito pela Quinto Andar. De acordo com a plataforma, o bairro foi o quinto que mais se valorizou este ano, atrás de Ipanema, Leblon, Flamengo e Grajaú.

— Na pandemia, as pessoas saíram um pouco dos centros em busca de mais espaço e não estavam se importando por ficar longe do transporte público. Isso muito por conta do trabalho remoto. Agora, essa tendência está se invertendo. As pessoas estão buscando apartamentos menores, próximos aos centros comerciais — disse o gerente de dados da Quinto Andar, Thiago Reis.

 

Cláudio André Castro, diretor da Sergio Castro Imóveis, que tem três filiais no Centro, teve que ampliar a equipe para dar conta da nova demanda.

— Eu conseguia mostrar imóveis no Centro com apenas um funcionário, que leva os interessados na visita. Hoje, estou com quatro — conta.

Mas Castro diz que deixou de atender a 256 clientes que queriam imóveis de dois quartos em bom estado no Centro. Segundo ele, os novos moradores não querem fazer reformas:

— Os imóveis disponíveis estão muito maltratados por dentro. Isso desanima potenciais moradores, mas tem animado um outro público: os investidores.

 

Os preços já refletem o aumento recente dessa demanda. O aluguel do metro quadrado no Centro do Rio está R$ 27, acima dos R$ 25 cobrados no auge da pandemia, segundo a Quinto Andar. Mas, o Centro ainda está abaixo dos R$ 31 da média da cidade do Rio. Além disso, continua menor que os R$ 36 cobrados em 2019.

São esses preços o principal atrativo para o público, a grande maioria de solteiros entre 24 e 36 anos. É o caso do estudante de arquitetura Felipe Dutra, de 29 anos, que morava em São Gonçalo e alugou um quarto e sala na Lapa.

— Eu sempre trabalhei e saí pelo Rio. Tem também a questão de comodidade, de ter tudo perto, como mercado e variedade de comércio. Eu consigo fazer tudo a pé ou de bicicleta. Com o metrô próximo da minha casa, eu consigo chegar à praia em, no máximo, 30 minutos. Isso facilitou bastante a minha vida — diz o novo morador. 

 

Matéria publicada em 27/03/2022 

FONTE: EXTRA